INFLAÇÃO

Brasil de Bolsonaro completa seis meses com inflação acima de dois dígitos

Fenômeno não ocorria há quase 20 anos; juros podem passar dos 13% até dezembro

Bolsonaro e Paulo Guedes.Créditos: Clauber Cleber Caetano/PR
Escrito en ECONOMIA el

O Brasil do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ministro da Economia, Paulo Guedes, está há um semestre com inflação ao consumidor acumulada acima de 10%, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A última vez que o fenômeno ocorreu foi entre 2002 e 2003, logo após o final do governo de Fernando Henrique Cardoso e início do governo Lula. Na época, a inflação acumulada em 12 meses ficou em dois dígitos durante 13 divulgações, de novembro de 2002 a novembro de 2003, sob efeito da pressão do câmbio em meio a turbulências da área política.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu em fevereiro deste ano 10,54% no acumulado de 12 meses.

Há seis meses, desde setembro de 2021, o indicador registra inflação de dois dígitos nessa base de comparação.

Petróleo, commodities agrícolas e dólar

Petróleo e commodities agrícolas tiveram alta no período. O dólar subiu no Brasil em meio a episódios de tensão política. O resultado, de acordo com economistas, foi o impacto sobre os preços finais de produtos como combustíveis e alimentos.

A inflação também foi pressionada nos últimos 12 meses por fatores como a crise hídrica, que encareceu as contas de luz.

Os efeitos econômicos da guerra entre Ucrânia e Rússia devem dificultar o combate ao avanço generalizado dos preços a partir de março.

Mega-aumento da Petrobras

A Petrobras anunciou na quinta (10) um mega-aumento de gasolina, óleo diesel e gás de cozinha nas refinarias, em razão do avanço das cotações no mercado internacional.

A inflação persistente pode exigir que o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), reforce a subida de juros ao longo de 2022 —e mantenha a taxa básica elevada por mais tempo no ano que vem.

O colegiado levou a Selic para 10,75% ao ano na reunião mais recente, em fevereiro.

O próximo encontro do Copom será nos dias 15 e 16 de março. A LCA elevou a projeção para a Selic em 2022 de 12,25% para 13%. O C6 Bank, por sua vez, prevê 12,75%.

Já há instituições enxergando taxa acima de 13% até dezembro.

Com informações da Folha