CRISE GLOBAL

Proibição do petróleo russo pela União Europeia pode gerar "cenário tenebroso", diz pesquisador

A presidenta do bloco europeu declarou que a maioria dos países estão prontos para vetar totalmente a compra do combustível fóssil da Rússia

Proibição do petróleo russo pela União Europeia pode gerar "cenário tenebroso", diz pesquisador.
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A presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em discurso realizado nesta quarta-feira (4) apresentou um plano da União Europeia para proibir totalmente a importação do petróleo russo. 

"Não será fácil, mas nós temos que trabalhar nisso. Garantiremos a eliminação gradual do petróleo russo de forma ordenada, maximizando a pressão sobre a Rússia, minimizando o impacto nas nossas economias”, disse Leyen. 

Além disso, Ursula Leyen também afirmou que as importações de petróleo cru russo serão encerradas em seis meses, enquanto aquelas envolvendo produtos refinados vão acabar até o fim de 2022. A medida ainda precisa ser aprovada por todos os 27 países que compõem a União Europeia.

A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, atrás da Arábia Saudita e Estados Unidos. Hoje, a União Europeia importa cerca de 40% de seu gás e 27% de seu petróleo da Rússia. 

No entanto, para o pesquisador e editor da Autonomia Literária, Hugo Albuquerque, em um primeiro momento, se a ameaça da União Europeia for cumprida, "vai aumentar o preço internacional do petróleo e favorecer os produtores do Oriente Médio ligados à Arábia Saudita. Nesse sentido, vai faltar petróleo na Arábia Saudita para a China, mas vai sobrar petróleo russo na Rússia para a China. No meio da confusão, é possível que o barril suba. Até porque vai haver um cavalo de pau logístico". 

"Mas a questão é: e o mercado negro? Muita gente diz hoje que o barril só não está a 200 dólares porque muita coisa da Rússia tem sido escoada pelo mercado negro driblando sanções. E um petróleo mais caro em abstrato diminui o valor do dólar e do euro, cujas autoridades monetárias vão precisar responder com alta dos juros, embora isso não ataque as causas do problema, apenas seus efeitos", explica Albuquerque à Fórum. 

Hugo Albuquerque coloca que a proibição europeia ao petróleo russo pode gerar um cenário de inflação global. "Hoje, para o dólar se defender desse cenário, precisaria de um novo choque dos juros, não bastam altas graduais de 0.5 p.p. Aí, teremos mais inflação nos EUA e uma possível recessão. É um cenário tenebroso", diz. 

“Da primeira guerra que os EUA lutam ou estimulam a gerar prejuízos econômicos. E o cenário tende a piorar.  De novo, o resultado básico é aumento da inflação global e diminuição do crescimento de todo mundo.  Nesse cenário, com o aumento da demanda global do petróleo do Oriente Médio, a Rússia ganha poder sobre a China de também "sugerir" pagamentos em rublo ou aceitar contratos em yuan", finaliza Hugo Albuquerque.