RÚSSIA

Alexey Navalny: quem é o extremista russo que virou ícone nos EUA e morreu na cadeia

Fascista preso pelo governo russo morreu na cadeia; ele se tornou símbolo de resistência anti-Putin para o Ocidente

Navalny em comício do movimento de extrema direita NarodCréditos: Evgeny Feldman / Novaya Gazeta / Creative Commons
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Nesta sexta-feira (16), o governo russo e autoridades penais da Sibéria confirmaram a morte de Alexey Navalny, um político de extrema-direita russo preso desde 2021.

Navalny teria saído para um banho de sol, quando caiu no chão e teve um mal súbito, segundo as informações oficiais. A defesa do político denunciava péssimas condições de vida para o opositor há meses, e alertava para o risco de morte sob cárcere.

Ele se tornou um símbolo do movimento anti-Putin na Rússia para o Ocidente, em especial após 2022, quando o documentário 'Navalny' foi premiado com o Oscar de Melhor Documentário.

Quem é Navalny?

Quem é Alexey Navalny? O extremista de direita que recebeu o carinho do Ocidente (Foto: Evgeny Feldman / Novaya Gazeta / Creative Commons)

Alexey Navalny, nascido em 4 de junho de 1976, é um russo de origem ucraniana que mantém uma carreira política bastante tortuosa, mas que se manteve sempre na oposição a Putin.

Extremista de direita

Desde o início de sua carreira, Navalny mantinha um blog e mais uma série de falas "anti-corrupção", mas mantinha seu estilo rígido e nacionalista.

Ele ingressou na carreira política em partidos mais sociais-liberais, que criticavam o autoritarismo de Putin. Contudo, ao longo dos anos, seu discurso foi se radicalizando.

Depois de ser expulso do social-democrata e pró-europeu Yabloko por marchar junto de neonazistas e extremistas de direita, Navalny fundou o Narod, o Movimento de Libertação Nacional Russa, grupo que reunia neonazis, sociais democratas e jornalistas, unidos sob a base de uma alternativa pró-Europa e mais à direita do que Putin.

Navalny em protestos anti-Putin, 2017 (Evgeny Feldman / Novaya Gazeta / Creative Commons)

O Narod foi fundado por Navalny, junto do escritor nazi Zakhar Prilepin e o jornalista Sergei Gulyaev, acompanhados de Andrei Dmitriev, outro nazista.

Em um vídeo do Narod, Navalny se veste de dentista enquanto imagens de migrantes em Moscou são intercaladas com suas referências a cáries. “Recomendo a higienização completa”, diz ele. "Tudo o que estiver em nosso caminho deve ser removido cuidadosa mas decisivamente através da deportação", afirma. Em posts no seu blog, defende a expulsão dos islâmicos do seu país.

Depois de 2015, Navalny percebeu que uma roupagem mais democrática precisaria ser realizada para conquistar o gostinho do Ocidente.

De fascista a herói

Foi assim que começou com a empreitada do seu partido, que passou mais de cinco anos tentando conseguir entrar na legalidade, mas não conseguiu.

Navalny engraçou, então, com o Ocidente, e se tornou a liderança da oposição contra Putin na Rússia.

Em julho de 2013, Navalny foi acusado de peculato e condenado. O ministério público afirmou que ele conspirou para roubar madeira da Kirovles, uma empresa estatal no Oblast de Kirov, em 2009, enquanto atuava como conselheiro do governador de Kirov, Nikita Belykh.

Na cadeia

Em 2020, foi vítima de um envenenamento. Sua equipe sempre acusou o FSB, serviço de inteligência russo, de perpetrar o ataque.

Ele estava dentro de um avião quando começou a sentir um mal-estar. O voo, então, foi redirecionado e acabou sendo transferido para um hospital em Berlim.

Navalny teria, ao sair do país, quebrado uma determinação legal que o impedia de deixar a Rússia baseada em um caso de fraude em 2006.

Em 2021, voltou à Rússia e foi preso. 

Depois, Navalny foi designado com um radical extremista e recebeu mais condenações, inclusive por roubo de doações para suas organizações políticas.

A Anistia Internacional e outros órgãos da União Europeia denunciaram que Navalny foi alvo de perseguição do governo Putin e que sua prisão era um atentado contra os direitos humanos.

Navalny chegou a anunciar uma greve de fome na cadeia, ainda em 2021, mas não continuou. Desde 2023, ele estava em uma colônia penal na Sibéria.

Faleceu em 16 de fevereiro de 2024.  

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