Foi Alexey Navalny, morto hoje em uma prisão da Rússia, o principal responsável por espalhar a narrativa de que Vladimir Putin é o homem mais rico do mundo.
"Sejamos claros: a Rússia é responsável" pela morte de Navalny, disse hoje em Munique a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris.
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O secretário de Estado Anthony Blinken também acusou: "A morte de Navalny numa prisão russa e a fixação e o medo de um homem apenas sublinham a fraqueza e a podridão no coração do sistema que Putin construiu".
O governo russo respondeu de forma imediata, dizendo que os Estados Unidos deveriam ao menos esperar o resultado da autópsia antes de fazer acusações.
Navalny, de apenas 47 anos de idade, teria morrido de um AVC na prisão da região do Ártico onde cumpria pena de 19 anos por supostos crimes de corrupção.
POTENCIAL SUCESSOR
Jovem e articulado, ele foi visto pelo Ocidente como potencial candidato a suceder Putin.
Seu único resultado eleitoral significativo foi na campanha a prefeito de Moscou em 2013, quando recebeu 27% dos votos, especialmente nos bairros de classe média e classe média alta da capital russa.
Navalny foi impedido de concorrer ao Kremlin em 2018.
Porém, como agitador à frente de sua Fundação Anti-Corrupção, teve grande sucesso e acesso à mídia do Ocidente.
A ONG foi eventualmente considerada "agente estrangeiro" pelo governo da Rússia e deixou de funcionar no país.
A viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, disse hoje:
Quero que Putin e todos os seus associados saibam que serão responsáveis por tudo o que fizeram ao nosso país e à minha família. E esse dia chegará muito em breve. Gostaria de apelar à comunidade internacional e a todas as pessoas para que se unam e derrotem este mal
Ela também está participando da Conferência de Segurança de Munique.
HOMEM MAIS RICO DO MUNDO
Ao narrar o documentário Palácio de Putin, disponível no You Tube, Navalny conseguiu consolidar a ideia no Ocidente de que Vladimir Putin "é o homem mais rico do mundo".
Na versão oficial, o filme teve quase 130 milhões de visualizações.
Produzido em várias partes do mundo, acompanha a ascensão de Putin desde que o hoje presidente da Rússia era agente da KGB em Dresden, na extinta Alemanha Oriental.
Faz uma série de ilações sobre as relações de Putin com oligarcas russas que enriqueceram e, ao fazer isso, teriam tornado Putin um bilionário.
A versão que Navalny sustentou no filme ganhou manchetes em todo o planeta.
"De acordo com alguns especialistas", diz a revista estadunidense Fortune, Putin teria acumulado U$ 200 bilhões.
Trata-se de uma forma muito peculiar de propaganda, pois o presidente da Rússia tem como sua principal base eleitoral os aposentados e os eleitores de posses modestas do interior do país.
Durante o filme, Navalny sustenta que Putin é o dono da maior mansão da Rússia, de 17 mil metros quadrados, definida pelo opositor morto hoje como um Palácio de Versalhes.
Curiosamente, ao falar de um recente ataque à Rússia, autoridades da Ucrânia disseram que um dos feitos de seus drones foi sobrevoar uma das "mansões" de Putin.
Os tabloides ocidentais do Reino Unido e dos Estados Unidos se esbaldaram nas acusações de Navalny, segundo as quais em uma de suas mansões Putin "esconde" sua atual companheira, a ex-ginasta Alina Kabaeva.