Uma faixa de terra cinco vezes menor que o Sergipe, com população de cerca de 500 mil habitantes, está entrando no vocabulário do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
É a Transnístria, região separatista da Moldávia, que aliás não aceita este nome.
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Ele significa "além do rio Dniestre", que na verdade corta o território e deságua no mar Negro.
Por isso o nome oficial do país é República Moldava Peridniestriana, reconhecido oficialmente apenas por outras duas regiões separatistas, a Abecásia e a Osétia do Sul, na Geórgia.
Num raro encontro do congresso que dirige o país, na quarta-feira 28, dirigentes votaram um pedido de apoio contra o suposto boicote econômico que a região sofre da Moldávia.
O apelo foi dirigido especialmente a Moscou, na véspera de um importante discurso feito hoje pelo presidente Vladimir Putin.
Num referendo de 2006, mais de 98% dos moradores da região votaram pela independência e futura anexação à Rússia.
Porém, a Transnístria fica entre a Ucrânia e a Moldávia, que está em fase de adesão à União Europeia.
Militarmente, é difícil de defender.
Dependendo da evolução da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, no entanto, o território poderia servir de base para ações militares russas contra o principal porto sob controle da Ucrânia no mar Negro, Odessa.
LÊNIN E A FOICE E O MARTELO
A República Moldava Peridniestriana separou-se da Moldávia nos anos 90, pouco depois da dissolução da União Soviética.
A maioria da população é de russos e ucranianos.
O país manteve uma forma de governo muito parecida com a soviética, inclusive com a foice e o martelo na bandeira e a preservação das estátuas de Lênin.
Baseado em Chisinau, o governo da Moldávia não isolou completamente a região separatista.
Pelo contrário, trabalha por manter laços econômicos, uma vez que boa parte das exportações da República Moldava Peridniestriana são destinados a países europeus.
Desde a invasão russa, as fronteiras da Transnístria com a Ucrânia foram fechadas.
A dependência do território em relação a Moscou aumentou.
O governo da Moldávia nega que esteja boicotando a região separatista. Afirma que, ao contrário, está trabalhando pela integração econômica.
No discurso de hoje, Putin não se referiu ao pedido de apoio da Transnístria.
Foi a fala anual do presidente russo diante das duas casas do Parlamento.
Putin disse que o objetivo do Ocidente é acabar com a Rússia:
O Ocidente, que tem hábitos coloniais e está habituado a desencadear conflitos em todo o mundo, tem intenções que vão além de travar o nosso desenvolvimento. No lugar da Rússia, eles querem um espaço dependente, murcho e moribundo, onde possam fazer o que quiserem.