O jornal The New York Times voltou a alertar, em sua edição deste domingo (12), para a possibilidade de intervenção do presidente Jair Bolsonaro (PL), com a ajuda das Forças Armadas, no processo eleitoral brasileiro deste ano. De acordo com a manchete do diário americano, o presidente ganhou um novo aliado no questionamento das eleições no país: os militares.
O NYT lembra que “Bolsonaro está há meses e de forma consistente atrás nas pesquisas de intenções de votos. E por meses, ele questiona o sistema de votação, alertando que, se perder a eleição de outubro, provavelmente será por conta de voto roubado. Até então, as alegações de Bolsonaro não eram levadas em conta, mas agora entraram em cena os militares”, diz o texto.
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“Apesar de poucas evidências de fraudes anteriores, os líderes das Forças Armadas do Brasil de repente começaram a levantar dúvidas semelhantes às de Bolsonaro sobre a integridade das eleições, aumentando as já altas tensões sobre a estabilidade da maior democracia da América Latina e sacudindo uma nação que sofreu sob uma ditadura militar de 1964 a 1985”, alerta.
Confronto de alto risco
O NYT lembra ainda que, “faltando pouco mais de quatro meses para uma das votações mais importantes da América Latina em anos, está se formando um confronto de alto risco. De um lado, o presidente, alguns líderes militares e muitos eleitores de direita argumentam que a eleição está aberta a fraudes. Do outro, políticos, juízes, diplomatas estrangeiros e jornalistas soam o alarme de que Bolsonaro está preparando o cenário para uma tentativa de golpe”.
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O jornal adverte ainda que “as táticas de Bolsonaro parecem ter sido adotadas do manual do ex-presidente americano Donald Trump, e que ele e seus aliados trabalharam para apoiar as alegações de fraude de Bolsonaro”. “Os dois”, prossegue o texto, “refletem o retrocesso democrático mais amplo que se desdobra em todo o mundo”.
O artigo do NYT faz parte de uma série chamada Democracy Challenged (democracia desafiada), com vários textos sobre que analisam desafios às normas democráticas nos Estados Unidos e em todo o mundo.
Militares em silêncio por 25 anos
Em artigo publicado também neste domingo, o jornalista Mateus Vargas aponta na Folha de São Paulo que “os militares só começaram a questionar o sistema eletrônico de votação no fim de 2021, sob o governo de Jair Bolsonaro, segundo informações do Ministério da Defesa e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) obtidas via LAI (Lei de Acesso à Informação)”.
“Desde o ano passado, os militares fizeram 88 questionamentos ao sistema de votação, além de sugestões de mudanças nas regras do pleito.
As Forças Armadas afirmam que, antes disso, não levantaram dúvidas sobre o processo eleitoral nem elaboraram estudos sobre a segurança das urnas”, diz ainda o texto.