VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Filha de Temer revela ter sido vítima de estupro e abuso sexual

Segundo Luciana, caso aconteceu em um assalto. "Precisamos parar de ter vergonha de ter sido vítima de violência sexual"

Luciana Temer é presidente do Instituto LibertaCréditos: Youtube
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Filha do ex-presidente Michel Temer, Luciana Temer revelou, em entrevista à apresentadora Angélica ao portal Mina, do UOL, que foi vítima de estupro durante um assalto há 26 anos.

Na época, ela não registrou ocorrência por medo de se expor, até porque acreditou que o homem nunca seria encontrado. A presidente do Instituto Liberta relatou o ocorrido apenas para seu então marido e suas irmãs. Atualmente, porém, defende que é preciso quebrar o silêncio e falar sobre os abusos, porque as vítimas não podem ter vergonha da violência sofrida.

“Eu já era adulta, tinha 27 anos, eu sofri um estupro em um assalto. Eu era delegada, havia saído recentemente do cargo de delegada em uma delegacia da mulher. A coisa mais natural do mundo seria eu registrar a ocorrência. E eu não registrei. Eu falava: ‘Nunca vão encontrar, para que eu vou me expor?’. Como se eu ter sido vítima de uma violência sexual me expusesse”, disse.

“Eu levei muito tempo para contar isso para os meus filhos. Ficou num âmbito muito restrito, familiar. O que é uma idiotice, que não é praticada só por mim, que é praticada por grande parte das mulheres e dos homens da sociedade”, falou.

Violência sexual durante a adolescência

Luciana também contou sobre outra situação de abuso que sofreu, ainda na adolescência. Enquanto voltava da escola, viu um homem se masturbando em uma rua

“Saí correndo, e não aconteceu nada. Não aconteceu nada? Eu demorei muito tempo para fazer esse trajeto sozinha de novo. Não foi só uma violência que me deixou desconfortável, é um crime previsto no Código Penal”, desabafou.

Segundo ela, o pensamento de achar que essa violência foi "mais leve" permite que atos mais graves aconteçam. “A gente precisa parar de ter vergonha de ter sido vítima de violência sexual. Se nós adultos não temos coragem de falar, como é que a gente espera que as crianças falem?”, acrescentou.

Durante a entrevista, Angélica e Luciana defenderam a educação sexual para crianças e adolescentes, demonizada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) e os conservadores. “A criança saberia como se comportar, como agir. O tio passar a mão, não é certo, ela ia saber disso”, disse a apresentadora, e Luciana concordou: “Permite que ela reconheça, ela sabe que aquilo que não pode”.