Assessor de Trump diz que morte de Soleimani foi "vingança" e que os EUA menosprezam as consequências do ataque

Segundo o assessor, o plano de matar o general iraniano era uma resposta pelos seguidos fracassos de seus projetos para a região. Também disse que existe uma atitude inconsequente dos Estados Unidos a respeito das posições que o país deveria tomar a partir da crise internacional deflagrada com o ataque da semana passada

Donald Trump (Foto: Arquivo)
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Em uma série de 16 tweets publicados nesta segunda-feira (6), o assessor internacional Reza Marashi, diretor de pesquisas do Conselho Nacional Iraniano Americano, reproduziu a conversa que teve com um funcionário de carreira dos Estados Unidos, que assessora a administração de Donald Trump em assuntos relacionados ao Oriente Médio. No relato do analista amigo de Marashi, se diz que os assessores de Trump viam o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani como uma espécie de vingança pelos seguidos fracassos de seus projetos para a região, e que existe uma atitude inconsequente a respeito das posições que o país deveria tomar a partir da crise internacional deflagrada com o ataque da semana passada. Segue abaixo a sequência completa de Marashi, com os 16 tweets traduzidos: 1) Sequência: Nos últimos dias, conversei bastante com um oficial de carreira dos EUA, funcionário que trabalha dia e noite para tentar mitigar os danos causados pela inaptidão de Trump no Irã. Com a permissão dele, estou compartilhando uma palhinha da nossa longa conversa. Aproveitem! 2) “Não temos nenhum processo funcional em vigor de tomada de decisões com respeito à segurança nacional. Não existe um plano para o que vem a seguir. Eles estão lamentavelmente despreparados para o que está prestes a acontecer, e são estúpidos demais para perceber isso. As pessoas aqui estão enlouquecendo, e com razão”. 3) “Ainda estou tentando cavar nos escombros da última guerra, e agora eles estão tentando começar uma nova. Finalmente abri a garrafa de uísque que você me deu, que eu tinha guardado escondida na gaveta da minha mesa”. 4) “Eu ligarei para você mais tarde, hoje à noite, para conversar melhor sobre isso, para que eu possa ir às reuniões amanhã armado com alguns pontos positivos da conversa para inserir neste grupo”. 5) “Quando a maioria (dos consultores internacionais) descobriu (o projeto) sobre matar Soleimani? Depois que isso já tinha acontecido. Desde então, tentamos montar o plano de contingência em tempo real, mas esses charlatães ignoraram a maior parte dele, e então Trump faz a merda mais estúpida e nos colocam de volta à estaca zero”. 6) “Para Trump, a única coisa que importa é cagar no legado de Obama, sugar doadores (de campanha) e tirar a atenção do (processo de) impeachment (que ele sofre). Nada disso é sobre interesses ou a segurança dos americanos. Ele está cercado por bajuladores ideológicos lunáticos como Pence e Pompeo. Mas eles estão longe de serem os únicos”. 7) “Muitos dos principais conselheiros de Trump no Irã são `veterinários militares´ que cumpriram várias missões de serviço em nossas guerras no Iraque, Afeganistão e em outros lugares. Eles acreditam, essencialmente, que o Irã é a razão pela qual eles perderam essas guerras, e que devem pagar por isso – não importa o preço”. 8) “Eles fizeram de tudo, durante anos, para impulsar o plano de matar Soleimani, e finalmente fizeram Trump aceitar. Acham que a guerra com o Irã ainda está longe de ser deflagrada; portanto, para eles, esse era um meio para atingir um fim. Quando o Irã responder, eles dirão a Trump para bater mais forte nos iranianos. Imagina até onde isso pode levar”. 9) “Eles sabem que os iraquianos vão expulsá-los agora, então tentarão matar o maior número possível ao sair. Iranianos, iraquianos, quem quer que seja. Alguns deles estão aconselhando Trump a dizer ao governo iraquiano um 'que se foda', e desafiá-los a nos expulsar. Não é brincadeira. É insanidade!”. 10) “Quando mostramos que esses pontos de vista sobre o assassinato de Soleimani eram um catalisador para os iranianos mudarem de posição, eles disseram que era 'besteira de apologista de Obama', e que 'a União Soviética forçou as pessoas contra sua vontade a exibições públicas de apoio'. Então, aparentemente, o Irã é uma superpotência agora”. 11) “Trump ameaça cometer crimes de guerra contra o Irã, e nenhum de seus principais conselheiros tem coragem de se opor publicamente a ele. Em vez disso, eles agem como covardes e se envolvem com jornalistas para expressar sua oposição. Todos devem renunciar. Eles não merecem servir este país”. 12) “Temos amigos que estão implantados em zonas de guerra, mas para quê? Trump enviou 14 mil soldados nos últimos 6 meses, e isso não impediu a atual crise. Em que momento começaremos a perguntar se o envio de tropas faz parte do problema e não da solução?”. 13) “A parte mais assustadora é que eles estão inventando merda para justificar seu curso de ação preferido. Quando foram apontadas as imprecisões ou questionamos a essa lógica, os que o fizeram foram atacados, na melhor das hipóteses, e na pior das hipóteses foram chutados do processo. A maioria dos nomeados políticos é paranóica, não qualificada ou ambas”. 14) “No passado, se você me perguntasse se as instituições americanas são duráveis o suficiente para impedir uma guerra liderada por Trump com o Irã, eu teria dito que sim, absolutamente. Hoje não tenho tanta certeza. Por mais que todos vejam como elas são horríveis do lado de fora, é ainda pior quando você as vê por dentro”. 15) “Um dos principais assessores de Trump no Irã foi preso em uma armadilha, teve seu laptop/iphone roubado e hackeado antes de acordar, e a Casa Branca se recusou a tomar as medidas de precaução com relação à sua segurança. Senhoras e senhores, eis o que é a administração Trump”. 16) Em conclusão: Sim, pessoal. É realmente tão ruim quanto parece. Eu sou apenas um humilde mensageiro da verdade. A voz dos sem voz. Isso é tudo. Agora vocês podem retornar à sua programação normal.