Despencam as avaliações do governo e do presidente Bolsonaro na gestão da pandemia, revela Pesquisa Fórum

Para 25,4% dos brasileiros atuação do governo é ótima ou boa, em outubro esse índice era de 33,5% e chegou a 46,5% em abril, no início da crise

Foto: Marcos Corrêa/PR
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Passados 8 meses desde que o coronavírus chegou ao Brasil e mais de 160 mil mortes, as avaliações positivas da gestão do governo federal e do presidente Jair Bolsonaro despencaram. É o que mostra a 7ª edição da Pesquisa Fórum, realizada entre os dias 4 e 9 de novembro, em parceria com a Offerwise, sob a coordenação de Wilson Molinari.

Em abril, 46,5% dos brasileiros diziam que a atuação do governo federal na gestão da pandemia era ótima ou boa. Em maio, após a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, a avaliação positiva caiu para 26,1% e manteve-se estável nos meses seguintes, até subir para 35,1% em agosto. Em outubro, 33,5% diziam que essa gestão era ótima ou boa. Já em novembro esse número caiu para 25,4%.

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O índice de regular, que desde abril estava estável em torno de 30%, chegou a 37,5% na pesquisa de novembro. Já o ruim e péssimo, que era 19,6% em abril e atingiu pico de 40,6% em junho, nesta 7ª edição, ficou em 35,1%. No mês passado, 33,2% dos entrevistados consideraram a forma como o governo lida com a crise sanitária ruim ou péssima.

No recorte de gênero, seguindo a tendência das pesquisas anteriores, as mulheres são mais críticas à gestão do governo da crise do coronavírus. Entre elas, apenas 20% consideram a atuação ótima ou boa, 40,6% acham regular e 36,7%, ruim e péssima. Já entre os homens, para 33,3% a atuação é ótima ou boa, 33%, regular e 32,8%, ruim e péssima.

Quanto maior a escolaridade, maior a avaliação de ruim e péssimo do governo na gestão da pandemia. Entre aqueles que possuem somente o Ensino Fundamental, por exemplo, 29,6% avaliam positivamente a atuação do governo na crise sanitária, enquanto 25,4% consideram a gestão ruim ou péssima. Já entre os entrevistados que possuem Ensino Superior: 27% dizem que o governo atua de forma ótima ou boa, contra 47,4% que avaliam essa atuação como ruim ou péssima.

Já no recorte por idade, a percepção positiva do governo na condução da crise causada pelo coronavírus é maior entre a população mais velha. A avaliação de ótimo e bom é de apenas 16,3% na população com idade entre 16 e 24 anos, contra 34,4% de ruim e péssima. Situação que se inverte entre aqueles com 60 anos ou mais: 43,7% de avaliação positiva e 38,7% de avaliação negativa.

A maneira como o brasileiro avalia a gestão do governo na pandemia também varia de acordo com a renda. A melhor percepção está entre os mais ricos, isto é, aqueles que recebem mensalmente 10 salários mínimos ou mais. Neste grupo, 38% consideram a gestão do governo ótima ou boa, e outros 38% consideram ruim ou péssima. Já entre os mais pobres, aqueles que ganham até 2 salários mínimos, o bom e ótimo fica em 21,3%, enquanto o ruim e péssimo soma 31,4%.

Considerada o epicentro da pandemia, a região Sudeste, segundo a pesquisa, é a que tem a pior percepção da gestão do governo federal: 37,1% dos entrevistados consideram a atuação contra a crise sanitária ruim ou péssima, enquanto 25,6% acham ótima ou boa. Cenário parecido com o observado na região Nordeste: 34,8% de avaliação negativa, contra 26,5% de avaliação positiva. A região que mais aprova a gestão do governo federal, por sua vez, é a Centro-Oeste, mas ainda assim a percepção de ruim e péssimo (31,1%) é maior que a avaliação de bom ou ótimo (27,9%).

Avaliação do presidente Bolsonaro também caiu

Se a avaliação positiva da gestão do governo federal na pandemia do coronavírus vem caindo, a 7ª Pesquisa Fórum também mostra a mesma tendência em relação à postura do próprio presidente Jair Bolsonaro na crise sanitária.

Em abril, 38,9% dos entrevistados diziam que a atuação do presidente era ótima ou boa. No último levantamento, de outubro, 33,9% dos entrevistados disseram que Bolsonaro age de forma ótima ou boa na pandemia, número que caiu para 28,7% na pesquisa de novembro. Já o número daqueles que desaprovam a gestão do ex-deputado federal na crise disparou: a avaliação de ruim e péssimo era de 39,3% no mês passado e, agora, é de 46,6%.

As mulheres, mais uma vez, são as que mais reprovam a gestão do presidente na pandemia: 23,2% consideram ótima ou boa, enquanto 50,7% avaliam como ruim ou péssima. Entre os homens, a avaliação positiva é de 36,7%, contra 40,6% de percepção negativa.

Quando o recorte é por idade, a maior avaliação positiva do presidente está entre os entrevistados com 60 anos ou mais: 43,7% de bom ou ótimo, contra 42,3% de ruim ou péssimo. Já a pior avaliação está entre os mais jovens, isto é, a população que tem entre 16 e 24 anos: 53,5% consideram a gestão de Bolsonaro na pandemia ruim ou péssima, enquanto apenas 19,5% acham essa gestão boa ou ótima.

O nível de escolaridade também influencia na percepção que as pessoas têm de Bolsonaro em sua atuação na pandemia. Entre os que possuem Ensino Superior, por exemplo, a avaliação de ruim ou péssimo chega a 58,2%, contra 26,7% de ótimo ou bom. Já entre os menos escolarizados, isto é, que possuem apenas o Ensino Fundamental, a avaliação negativa é de 36,7%, enquanto a positiva soma 33,1%.

No recorte de renda, a pior avaliação da gestão de Jair Bolsonaro na pandemia está entre aqueles que recebem de 5 a 10 salários mínimos mensais: 52,3% consideram a atuação do presidente na crise ruim ou péssima, enquanto apenas 29,4% avaliam essa atuação como positiva. Entre os mais pobres, entrevistados que ganham até 2 salários mínimos por mês, o ruim e péssimo da atuação do presidente soma 45,1%, enquanto o ótimo e bom chega a 25,7%. A melhor avaliação do presidente, neste recorte, está entre os que recebem 10 salários mínimos ou mais: 40% de avaliação positiva e 48% de avaliação negativa da maneira como Bolsonaro enfrenta a crise sanitária.

Assim como foi observado na avaliação do governo federal na pandemia, a forma como Jair Bolsonaro lida com o coronavírus no país também tem maior reprovação entre a população do Sudeste: 48,8% acham que sua gestão ruim ou péssima, enquanto 28,6% acham boa ou ótima. Os números são parecidos com os da região Nordeste: 47% de ruim e péssimo, contra 28,7% de ótimo e bom. Já o Sul foi a região, segundo a pesquisa, que mais apresentou avaliação positiva da gestão de Bolsonaro na pandemia, mas ainda assim a percepção negativa é maior: 30,8% de ótimo e bom, contra 44,9% de ruim e péssimo.

Pesquisa inova com metodologia

7ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 4 e 9 de novembro, em parceria com a Offerwise, e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.

O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”

Molinari registra que pesquisas feitas em ruas ou nos domicílios costumam ter margem de erro menor. “Porém sabemos que 90% da população brasileira possui acesso à telefonia celular e, especificamente na situação de quarentena que estamos vivendo, o método online é mais seguro do que o pessoal e sempre é menos invasivo que o telefônico.”

Pouco usado para pesquisas de opinião no Brasil, os painéis online são adotados como método de pesquisa no mundo todo, segundo Molinari. E regulamentados pelas principais associações de pesquisa. “Os painéis hoje são amplamente utilizados para pesquisas de satisfação, imagem de marca, qualidade de produtos e serviços, opinião, entre outras”, acrescenta.