Entenda o que levou ao afastamento de Witzel e quem assume o governo do Rio

Por decisão do STJ, governador será afastado do cargo por 180 dias após suspeita de participação em esquema de corrupção. Vice e primeira-dama também são alvos das investigações

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O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi afastado do cargo na manhã desta sexta-feira (28) por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que por sua vez cumpriu com pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Mandados de prisão foram expedidos contra o pastor Everaldo Dias Pereira, presidente do PSC, e Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do estado.

A decisão afasta Witzel do cargo por 180 dias e o proíbe de acessar as dependências do governo ou de se comunicar com funcionários. Além do governador, a primeira-dama Helena Witzel também foi denunciada pela PGR por corrupção. Com isso, agentes da Polícia Federal cumpriram ordens de busca e apreensão na sede do governo do Rio e em estabelecimentos ligados à primeira-dama.

O governador é acusado de desviar dinheiro da Saúde durante a pandemia do coronavírus, conforme consta na decisão do ministro Benedito Gonçalves, do STJ. "O grupo criminoso agiu e continua agindo, desviando e lavando recursos em plena pandemia da Covid-19, sacrificando a saúde e mesmo a vida de milhares de pessoas, em total desprezo com o senso mínimo de humanidade e dignidade", destacou.

Segundo a PGR, o governo do Rio estabeleceu um esquema de propina para a contratação emergencial e para liberação de pagamentos a organizações sociais que prestam serviços ao governo, especialmente nas áreas de saúde e educação. De acordo com a denúncia, Witzel também usou o escritório de advocacia de Helena para receber o dinheiro desviado.

Prisão

A procuradoria chegou a pedir a prisão do governador do Rio, mas o pedido foi negado por Gonçalves. A decisão do ministro, no entanto, deve ser avaliada pela corte especial até quarta-feira (3).

Quem assume

Com o afastamento de Witzel, o comando do estado passa agora para o vice, Cláudio Castro (PSC), que também é investigado na operação contra o governador. Desde a aprovação da abertura do processo de impeachment contra Witzel, no entanto, o vice não se pronunciou em defesa dele.

Além disso, segundo informações da Folha de S.Paulo, Castro chegou a se comunicar com o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para criar pontes com o governo federal caso assumisse o cargo.

Pastor Everaldo

Preso na manhã pela Polícia Federal, o pastor Everaldo Dias Pereira foi apontado pelo Ministério Público como comandante de um dos eixos da organização criminosa montada no governo Wilson Witzel no Rio de Janeiro.

Os outros dois nomes ligados à organização seriam comandados pelo empresário Mário Peixoto – que já está preso – e pelo empresário da área de ensino José Carlos de Melo, pró-reitor administrativo da Universidade Iguaçu (Unig). Peixoto seria o elo entre os esquemas nos governos Witzel e Sérgio Cabral.

Batismo no Rio Jordão

O pastor Everaldo foi o mesmo que batizou o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) nas águas do rio Jordão, no nordeste de Israel. A cerimônia aconteceu em 2016, enquanto o Senado votava o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.

Bolsonaro filiou-se ao PSC em março de 2016, dois meses antes de ser batizado em Israel. O partido, inclusive, foi o responsável por apresentar o ex-capitão como pré-candidato à Presidência da República para 2018.

Ex-deputado, Everaldo é pastor na Igreja Assembleia de Deus e tem um longo histórico de relação com o clã Bolsonaro, mas virou desafeto após o rompimento de relações entre o presidente e o governador do Rio.