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Em editorial publicado nesta sexta-feira (7), o jornal Folha de São Paulo mostrou sua curiosa opinião a respeito do processo de impeachment contra Donald Trump nos Estados Unidos, que terminou nesta semana com o presidente republicano absolvido das acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso em nome dos seus interesses políticos.
E são várias as curiosidades sobre a opinião da Folha, que classifica o processo como um “teatro político”. Para começar, o jornal critica a iniciativa do Partido Democrata, e chega a chamar a denúncia de “patética”, mas, ao mesmo tempo, admite que estava “bem mais documentada que a suposta interferência russa no pleito presidencial de 2016”.
Além disso, o artigo em nenhum momento se atreve a entrar no mérito da questão, e ainda admite que Trump realmente usou seu poder para pressionar o presidente da Ucrânia a investigar um adversário político. Porém, normaliza essa situação agarrada no fato de que Trump, culpado ou não, venceu a votação contra o que chamou de “comédia democrata”, graças à maioria republicana no Senado: “Como se sabia de antemão, o republicano não perderia o cargo por ter pressionado o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, a investigar o filho de seu adversário democrata Joe Biden”, afirma o editorial.
Não é a primeira vez que a Folha se atrapalha para defender um ponto de vista contraditório em um processo de impeachment. Em 2016, o jornal paulista foi um dos baluartes da defesa do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, mesmo sabendo que a documentação daquele caso era inclusive mais frágil que do caso estadunidense este ano.
Por exemplo, a Folha sabia que o dossiê do impeachment, produzido pela advogada Janaína Paschoal foi financiado pelo PSDB, e não apresentava nenhuma prova clara de crime de responsabilidade cometido pela ex-presidenta, e que as tais pedaladas fiscais não poderiam caracterizar isso. No entanto, jamais classificaram o caso como “comédia tucana”.