O bolsonarismo vai cair e com ele todos os canalhas que o apoiam, diz Jean Wyllys

“O exílio é uma longa insônia”, disse o ex-deputado que deixou o Brasil depois de ser ameaçado de morte e atualmente é professor na Universidade de Harvard, nos EUA

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O ex-deputado federal do PSOL Jean Wyllys afirmou nesta terça-feira (28) que o bolsonarismo está no seus momentos finais e que vai processar os ataques que voltou a receber pela rede difamação online comandada por aliados do presidente Jair Bolsonaro. Ele foi o convidado do Fórum Debate.

“O bolsonarismo está apostando agora a suas últimas fichas. Nos seus estertores, ele está apostando as suas últimas fichas. O bolsonarismo vai cair e esses canalhas que estão participando da rede suja de desinformação também vão cair”, disse o ex-deputado.

Nesta semana, Wyllys voltou a ser atacado por bolsonaristas nas redes sociais. Desta vez, o nome do ex-deputado foi utilizado para atingir o ex-ministro Sergio Moro, mais novo desafeto o governo. A narrativa falsa liga Wyllys a Adélio Bispo. As publicações acusam Moro de não ter investigado o caso e de proteger o ex-deputado, um crítico constante do ex-ministro desde os tempos de Lava Jato. Ou seja, uma teoria que não faz o menor sentido.

“Bolsonarista não pensa. É o que Hannah Arendt chama de vazio do pensamento. São imbecis motivados. É uma seita. Eles têm todas as características das seitas. Tanto que alguns saem de seitas neopentecostais. E as seitas funcionam com esse isolamento, nos templos ou nas bolhas dos algoritmos, onde são alimentadas por mentiras e desinformação. O bolsonaristas não acreditam na covid-19, mesmo com o número de mortos e as imagens chocantes de valas comuns sendo abertas. Eles acreditam na Terra plana”, explica.

Na avaliação do ex-deputado, "esses imbecis são atiçados por uma rede criminosa", que envolve pelo menos 11 parlamentares bolsonaristas e blogueiros e influenciadores digitais aliados. "São pessoas motivadas pela estupidez ou pela maldade."

Wyllys deixou o Brasil em janeiro de 2019, depois de receber ameaças de morte, e não assumiu seu segundo mandato como deputado. É um exilado político, com residência na Alemanha, onde pesquisa sobre fake news. Neste ano, está em Boston (EUA), onde ministra aulas na Universidade Harvard como professor convidado, e participou da entrevista via internet.

"O exílio é experimentado de uma outra maneira graças as novas tecnologias da comunicação. A experiência se torna outra, diferente da do exílio deles”, disse, em referência aos exilados na ditadura militar brasileira, como Caetano Veloso e Chico Buarque. “Embora tenha pontos em comum. A saudade da paisagem, das pessoas, da língua, de falar a sua língua.”

“O escritor francês Victor Hugo diz que o exílio é uma grande insônia, e é verdade. O exílio é uma grande insônia. Não é fácil experimentar”, resume o ex-deputado.

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