Possível candidato de extrema direita na França é julgado por incitação ao ódio racial

Apresentador de televisão Éric Zemmour chamou crianças imigrantes desacompanhadas de “ladrões, assassinas e estupradoras”

Apresentador de televisão de extrema direita, Éric Zemmour. Reprodução/Twitter
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A Justiça francesa começa a analisar nesta quarta-feira (17) uma acusação contra o apresentador de televisão de extrema direita Éric Zemmour por incitação ao ódio racial. Conhecido como "Bolsonaro francês", ele é um possível candidato às eleições para presidente.

O julgamento de hoje tem relação com declarações que Zemmour fez no ano passado ao chamar crianças imigrantes desacompanhadas de “ladrões, assassinas e estupradoras” quando comentava o segundo ataque à redação do semanário satírico "Charlie Hebdo".

Na época, disse que os menores, em sua maioria muçulmanos, "não têm o que fazer" na França e que "precisam ser devolvidos". Seu advogado, Olivier Pardo, afirmou que oponentes estão tentando provocar “um julgamento da opinião pública” e que as acusações contra o escritor de 63 anos são infundadas.

Zemmour aparece no 2° turno com Macron, diz pesquisa

Uma pesquisa do Instituto Ipsos encomendada pelo diário parisiense Le Monde e pelo Centro de Pesquisas Políticas CEVIPOF, da prestigiada Sciences Po, mostrou que Éric Zemmour estaria hoje, potencialmente, no 2° turno da eleição presidencial da França, enfrentando o atual ocupante do Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron. A disputa está marcada para abril de 2022.

A sondagem mostrou que Zemmour, um fã de Donald Trump e que já respondeu a ações judiciais por propagação de ódio e racismo, ainda sem partido, teria entre 16% e 16,5% das intenções de voto, deixando para trás a tradicional candidata de extrema direita Marine Le Pen, do Rassemblement National, filha do também extremista Jean Marie Le Pen.

Comentarista no canal de notícias CNews e colunista do jornal conservador Le Figaro, Zemmour ataca violentamente os imigrantes que vivem na França e tem como alvo preferencial os muçulmanos, que formam a maior comunidade de estrangeiros e descendentes do país europeu. O comportamento parece ter agradado o eleitorado local, ainda que ele não tenha se filiado formalmente a uma legenda e tampouco confirmado seu nome no pleito.

O grupo social que mais simpatizou com as estrepolias de Zemmour foi aquele formado por homens brancos maiores de 60 anos, enquanto as mulheres abaixo de 35 anos são as que mais rejeitam o novo radical-sensação da França, que, se confirmar sua candidatura, pode somar votos com Marine Le Pen num eventual 2° turno.