Record faz longa reportagem para defender Universal: "Globo acusa sem provas"

Edir Macedo, líder da igreja, é proprietário da emissora; concorrente tem baseado noticiário que aponta lavagem de dinheiro pela Universal em inquérito do Ministério Público

Fachada do Templo de Salomão da Igreja Universal do Reino de Deus, no Brás(Rovena Rosa/Agência Brasil)
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A TV Record veiculou, durante o programa Domingo Espetacular, na noite do último dia 13, uma longa reportagem para dizer que TV Globo tem atacado a Igreja Universal do Reino de Deus “sem provas”.

A defesa da igreja se refere a reportagens que a TV Globo tem feito com base em inquérito do Ministério Público. Na apuração, a promotoria diz que identificou movimentações atípicas realizadas pela Universal que totalizam quase R$ 6 bilhões. Para o MP, a igreja do bispo Edir Macedo foi usada para lavar dinheiro desviado no esquema de corrupção da Prefeitura do Rio.

Além de líder da igreja, Macedo é proprietário da Record, e usou a emissora para defender seus interesses. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), é sobrinho de Macedo e bispo na Universal. Em uma das reportagens, é mencionada acusação do MP que dá conta de suposto protagonismo de Crivella no esquema.

A reportagem do “Domingo Espetacular” diz que essas acusações, às quais eles chamam de “sem prova”, estão sendo feitas às vésperas da eleição municipal.

Crivella é entrevistado, chamando as acusações de “infâmia”. Ele pede que sejam revelados os promotores e agentes da Coaf que passaram a informação à TV Globo.

Outros ataques

As reportagens da TV Globo se baseiam em um documento obtido pela emissora que foi enviado à Justiça pelo subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos do MPE-RJ, Ricardo Ribeiro Martins. Na petição, a Iurd é citada por ter chamado a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) após movimentar R$ 5.902.134.822 entre o dia 5 de maio de 2018 e 30 de abril de 2019.

Baseado nesse fato, o ataque à concorrente _e a defesa da igreja do mesmo grupo da Record_ foi além. A matéria também traz opinião de advogado que avalia que o fato de jornalistas da Globo terem tido acesso ao inquérito pode ser visto como “improbidade administrativa”.

Além disso, faz questão de cutucar a emissora concorrente, ao mencionar, na reportagem, que a família Marinho “ganha as manchetes” pela ligação com Dário Messer. Réu na Lava Jato, Messer é conhecido como “o doleiro dos doleiros” e tem feito colaborações com a Justiça. Numa delas, alega que trabalhou para os donos da emissora carioca.