VÍDEO: Alunos do Cefet-RJ resistem e fazem novo protesto contra interventor bolsonarista

A manifestação ocorreu de forma espontânea, depois que os estudantes ficaram sabendo de uma reunião a portas fechadas entre coordenadores e o novo diretor

Foto: Reprodução
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Em mais uma demonstração de resistência às medidas arbitrárias do governo de Jair Bolsonaro, os alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), no Rio de Janeiro, promoveram na quarta-feira (28) um protesto contra a indicação e a presença do interventor, Maurício Aires Vieira, nomeado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, como novo diretor-geral da instituição. A manifestação ocorreu de forma espontânea, depois que os alunos ficaram sabendo de uma reunião a portas fechadas entre coordenadores e o novo diretor.

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“Estava programada uma assembleia, de professores e estudantes, para 11h30. No entanto, os celulares dos coordenadores tocaram, convocando para uma reunião, urgente, com o interventor, no mesmo horário da assembleia”, explica Elika Takimoto, coordenadora de Física do Cefet. Nessa reunião, Vieira se dirigiu aos coordenadores para falar sobre seu currículo. Ele disse que foi escolhido pelo ministro da Educação pelo que já fez em outras instituições, tentando mostrar que tem capacidade técnica e intelectual para gerir uma escola do tamanho e da importância do Cefet. Avisou que recusava o título de interventor e que estava ali como um diretor “pro tempore” (temporário). Os alunos ficaram sabendo que estava havendo uma reunião e rapidamente se mobilizaram. “Ficaram do lado de fora fazendo barulho mais alto possível, cantando o hino da Mangueira, Chico Buarque e algumas palavras de ordem. O interventor alegou que os alunos estavam fazendo isso porque desconheciam a história dele, o que não é verdade”, destaca Elika. Os estudantes decidiram, então, que queriam conversar com o interventor, que se fechou na sala da direção, se sentindo coagido. “Ficamos todos lá, porque os estudantes não deixavam ninguém sair até que conversassem com ele”. Impasse Sem resolver o impasse, Vieira disse que, para sair dali e conversar com os alunos, pedia garantias de segurança. “Fui até os alunos e eles disseram que sim. Comuniquei ao interventor que disse que só aceitaria a garantia por escrito. O movimento estudantil se recusou a assinar qualquer coisa, porque não havia lideranças. Era o movimento estudantil como um todo, mesmo porque havia gente menor de idade”, disse a coordenadora de Física. Na sequência, Vieira chamou a polícia. “Muito educado e aparentemente preparado para lidar com situações assim, o policial fez o que os alunos pediram. Disse ao interventor que estava lá para garantir a ordem e que ficaria do lado de fora para assegurar que nada iria acontecer”, revelou Elika. Foi quando o interventor se dirigiu à coordenadora de Física e falou: “Elika, você avisa a todos que eu vou passar e mais uma vez eu quero a garantia de que ninguém vai me fazer nenhum mal”. Ela avisou aos alunos que ele queria passar até o auditório 1 para conversar com os estudantes, que aceitaram e fizeram um corredor para ele se dirigir ao local marcado. Ao chegar no auditório 1, os alunos falaram ao interventor: “Se o senhor está aqui e não foi eleito, é intervenção. Não pode passar por cima do que defende a comunidade do Cefet. Se for temporária, o senhor nos diga por quanto tempo, porque temporária a ditadura também foi”. Aires tentou responder, porém, sem convencer. Disse que sobre a nomeação, “chegaram supostas denúncias de irregularidade no processo eleitoral na Secretaria de Tecnologia”, afirmou, sem dar maiores explicações. “Senhor interventor, na nossa Constituição está dito que a pessoa é inocente até que se prove o contrário. Se o processo ainda está em andamento, por que a nossa democracia, nossa eleição, não está sendo respeitada?”, questionou uma representante dos alunos. Aires não respondeu. “Está na hora do interventor se despedir, porque ele não quer responder o porquê de estar aqui. Não é para gritar nada que não seja palavra de ordem, e ninguém vai fazer mal ao interventor. A escolha é nossa, então quem sai é ele”, completaram os alunos. Após a conversa, os estudantes se concentraram em frente à direção-geral da instituição e gritaram: “Pelo Cefet, eu digo não à intervenção”. Ex-assessor Maurício Aires Vieira era assessor do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e foi nomeado em agosto para a função de diretor-geral “pro tempore” da instituição. Contudo, em abril, uma eleição entre professores, alunos e funcionários apresentou como vencedor Maurício Saldanha Motta. Veja o vídeo do final da reunião entre estudantes e o interventor: Veja mais vídeos do protesto dos alunos: