Gilmar Mendes diz que é preciso acreditar na boa-fé de Bolsonaro

O clima de apaziguamento político foi completado pela visita que o ministro da Justiça fez nesta sexta-feira, em São Paulo, a Alexandre de Moraes

Gilmar Mendes (Foto: STF)Créditos: STF
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O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, disse em entrevista à Folha neste sábado (11), ao divulgar uma nota na qual afirma que os ataques feitos à corte no dia 7 de Setembro resultaram do "calor do momento", que é preciso acreditar na boa-fé do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido).

Sobre a Carta à Nação emitida por Bolsonaro na última quinta-feira, que foi considerada com um “arrego” da parte dele, Mendes afirmou: “Vamos aguardar. Temos de acreditar na boa-fé da manifestação e vamos aguardar os desdobramentos”, disse. “Eu tenho a impressão de que foi a forma que se concebeu de se fazer uma revisão em relação a isso [aos ataques do presidente]. Eu não vou fazer questionamentos a propósito de estratégias políticas ou estratégias político-eleitorais. Cada qual terá a sua”.

O ministro completou ainda: “E é notório também, não vamos ser ingênuos, que de alguma forma antecipamos o processo eleitoral. O que deveríamos estar discutindo em 2022 nós já estamos discutindo em 2021”.

Mendes ainda defendeu o inquérito da fake news. “Não fosse o inquérito das fake news, nós provavelmente já teríamos derrapado para um modelo de perfil muito autoritário, porque nós estávamos vivendo um quadro de crescente crise, ameaça de invasão do próprio tribunal a partir de fundamentos falsos. Atribuem ao tribunal feitos dos quais ele não participou”, disse.

Para Mendes, “parece que entre os próceres do presidente há essa ideia de que tudo compõe esse âmbito de proteção de liberdade de expressão, quando nós sabemos que não é assim”.

“Não quero exagerar, não quero agora eu ser o porta-voz de uma teoria conspiratória, mas poderíamos daqui a pouco ter grupos paramilitares nessas ações políticas. Acho que o inquérito evitou isso”, completou.

Torres visitou Moraes

O clima de apaziguamento político foi completado pela visita que o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Anderson Torres fez nesta sexta-feira (10), em São Paulo, ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes atendeu a um pedido de Torres para o encontro, que durou mais de quatro horas.

Alexandre de Moraes é o responsável pelo inquérito em tramitação no STF que apura a organização de atos contra a democracia. Com base nesse inquérito, ele já determinou a prisão de aliados do presidente da República e de militantes bolsonaristas, o que provocou contrariedade em Bolsonaro.

Sobre o encontro com Moraes, Torres afirmou que foi uma "conversa republicana" que "precisa e deve ser conduzida pelo Ministério da Justiça" e teve por objetivo "o futuro das boas relações institucionais do Brasil".