USO INDEVIDO

Comandante da Marinha forjou viagem a trabalho para levar família no avião da FAB

A Força Aérea se recusou por três vezes a divulgar a lista de passageiros e justificou resguardar “a honra dos tripulantes”

Comandante da Marinha forjou viagem à trabalho para levar família no avião da FAB.
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O comandante da Marinha, o almirante de esquadra Almir Garnier Santos levou a mãe e a esposa em um voo do avião da Força Área Brasileira (FAB) para passar com elas as festas do último Natal no Rio de Janeiro.

As únicas pessoas no voo eram o comandante Garnier, a mãe e a esposa. O voo saiu de Brasília as 13h10 do dia 24 dezembro, uma sexta-feira, com destino ao aeroporto de Galeão. O avião posou às 14h25 no Rio. 

Como a utilização do avião da FAB só é permitida mediante agenda oficial, Garnier forjou uma viagem a trabalho, porém, o militar só teve agendas de trabalho no Rio de Janeiro três dias depois de chegar na cidade. 

Os compromissos oficiais de Garnier ocorreram na tarde de 27 de dezembro: reunião com Edésio Lima Junior, presidente da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), estatal ligada a Marina e na qual trabalha o filho do comandante. A outra agenda foi com o vice-almirante José Renato de Oliveira. 

O retorno a Brasília se deu no dia 28 de dezembro, nesta data Garnier teve apenas despachos internos. No voo de volta havia um passageiro adicional, o filho do major-brigadeiro Fernando César da Costa e Silva e Braga. 

A solicitação do avião da FAB para uso privado veio à tona em janeiro deste ano a partir de uma matéria do site Metrópoles, porém, a lista com os passageiros ainda era desconhecida e veio a público após pedido da Folha de S. Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação. Segundo o jornal, a Marinha negou o pedido três vezes. 

Na última negativa, que foi feita pelo comandante, Garnier alegou que a lista não seria divulgada para "preservar a imagem e a honra dos tripulantes". 

Porém, a Controladoria-Geral da União (CGU) determinou que a Marinha informasse o nome dos passageiros. A Força tentou recorrer da decisão, mas o entendimento da CGU foi mantido. 

A Marinha e a FAB não se pronunciaram sobre a presença de familiares do comandante Garnier no voo e nem da justificativa por ele utilizada para usar o avião da Força. 

Decreto presidencial de 2020 determina que o avião da FAB só pode ser utilizado por motivos de trabalho. Também estabelece que a "comitiva que acompanha a autoridade na aeronave do Comando da Aeronáutica terá estrita ligação com a agenda a ser cumprida, exceto nos casos de emergência médica ou de segurança".

Segundo a revista Veja essa não é a primeira vez que a esposa do comandante Garnier, Selma Foligne, o acompanha em voo oficial da FAB. Selma esteve presente entre os passageiros levados pelo militar para uma cerimônia militar na Itália, em abril. 

 

 

 

Com informações da Folha de S. Paulo 


 

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