O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) instaurou um inquérito para investigar o vereador bolsonarista Nikolas Ferreira (PL), de Belo Horizonte, após o parlamentar municipal ter distribuído nas redes um vídeo em que uma aluna trans menor de idade está dentro de um banheiro na escola que frequenta. A autoria da filmagem seria uma irmã de Nikolas, que estuda no mesmo local.
A medida tomada pelo MP veio após uma representação feita pelas vereadoras Bella Gonçalves (PSOL) e Iza Lourença (PSOL), assim como pela Aliança Nacional LGBTI. A acusação encaminhada aos promotores dá conta de que Nikolas cometeu LGBTFobia e violou Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 17, por expor uma adolescente de 14 anos nas redes sociais numa situação íntima.
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Com um forte discurso de ódio e transfóbico, o vereador estimulou a “sociedade” a fazer um boicote ao estabelecimento, um dos mais tradicionais e antigos da capital mineira, por “doutrinação ideológica” e “negação da realidade”. Ele foi duramente criticado pela exposição absurda de uma menor num local que deveria ser de absoluta privacidade.
A direção da instituição, o Colégio Santa Maria, de caráter católico e muito tradicional na cidade, afirmou em nota que estuda medidas judiciais contra o vereador extremista pela violação da privacidade de sua aluna, e que cumpre a legislação quanto aos direitos das pessoas trans e dos homossexuais, orientando professores e todos os colaboradores em relação ao respeito que devem empregar com todos os cidadãos.
“Estamos tomando as providências necessárias para as ações reparatórias cabíveis a partir da apuração das circunstâncias em que se deu a captação indevida de imagens em espaço privativo do colégio e de uma exposição inadequada e desrespeitosa da Instituição e de seus membros. O Colégio Santa Maria Minas deixa claro que vinha cumprindo rigorosamente o que está previsto em normas legais que tratam do assunto e com a devida orientação a professores e funcionários para que a situação fosse sempre cercada do devido respeito a todas as pessoas da comunidade escolar”, se manifestou a escola por meio de uma nota à imprensa.
No vídeo, a garota que seria irmã de Nikolas questiona a aluna trans sobre sua presença naquele espaço, ao que ela responde que "está na lei, está na lei da escola, que é um direito dela entrar no banheiro feminino". A discussão termina quando uma funcionária da limpeza adverte a menina que reage com intolerância, dizendo a ela que sua atitude era transfóbica e, portanto, ilegal.
Com o típico discurso odiento e cercado de demagogia e primitivismo, o parlamentar bolsonarista seguiu com a grita moralista, pregando contra o colégio.
“Eu faço aqui minha propaganda contrária. Se você está com um filho dentro do Santa Maria, tire seu filho desse colégio. Travesti no banheiro da escola da minha irmã”, falou em sua postagem para os seguidores.