PEDIDO DE INVESTIGAÇÃO

Randolfe vai ao STF contra empresários que defendem golpe: "quebra de sigilo, bloqueio e prisão"

Famosos empresários bolsonaristas, em grupo de WhatsApp, falam abertamente sobre golpe de Estado caso Lula vença as eleições

Randolfe Rodrigues.Créditos: Geraldo Magela/Agência Senado
Escrito en POLÍTICA el

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou, na noite desta quarta-feira (17), que acionará o Supremo Tribunal Federal (STF) com uma petição para que empresários bolsonaristas flagrados fazendo defesa de um golpe de Estado sejam investigados. 

Em reportagem publicada mais cedo, Guilherme Amado, do portal Metrópoles, divulgou mensagens de empresários famosos trocadas em um grupo de WhatsApp em que defendem abertamente um golpe caso o ex-presidente Lula (PT) vença a eleição de outubro. Nas conversas, os bolsonaristas ainda falam em uso de violência, atacam instituições e sugerem dar "bônus" para funcionários de suas empresas que votarem em Jair Bolsonaro (PL). 

"Não Passarão! Estamos peticionando ao STF, pedindo quebra de sigilo, bloqueio e se necessário prisão. A Democracia não pode tolerar a convivência com quem quer sabota-la", escreveu Randolfe em seu Twitter. 

Entenda 

Reportagem do jornalista Guilherme Amado no portal Metrópoles, divulgada nesta quarta-feira (17), revela que empresários bolsonaristas, em um grupo de WhatsApp, defendem abertamente um golpe de estado caso Lula (PT) vença as eleições de outubro

No grupo, denominado "Empresários & Política", estão figuras como Luciano Hang, das lojas Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da rede de shoppings Multiplan; José Koury, do Barra World Shopping; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de roupas de surfe Mormaii.

Segundo Amado, que vem monitorando o grupo digital, as conversas se baseiam em ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), exaltação das Forças Armadas como uma instituição necessária para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder e até sugestões de atos violentos para impedir um retorno de Lula ao Palácio do Planalto. 

A defesa explícita de um golpe de Estado foi feita pelo empresário José Koury no dia 31 de julho. "Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, escreveu, sendo endossado por Afrânio Barreira, do Coco Bambu, que reagiu à mensagem com uma figurinha de aplausos. 

André Tissot, do Grupo Sierra, por sua vez, também falou abertamente sobre golpe. "O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo.[Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”, disparou. 

Já o empresário Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii, sugeriu que as Forças Armadas sejam usadas de forma estratégica nos atos bolsonaristas de 7 de setembro, reforçando a narrativa golpista de seu colega. 

“O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”, escreveu. 

Antes, Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia, já tinha ido na mesma linha com outra mensagem: "Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público". 

Já a sugestão de uso da violência contra um eventual retorno de Lula ao Palácio do Planalto foi feita por Morongo no mês de maio. “Se for vencedor o lado que defendemos, o sangue das vítimas se tornam [sic] sangue de heróis! A espécie humana SEMPRE foi muito violenta. Os ‘bonzinhos’ sempre foram dominados… É uma utopia pensar que sempre as coisas se resolvem ‘na boa’. Queremos todos a paz, a harmonia e mãos dadas num mesmo objetivo… masssss [sic] quando o mínimo das regras que nos foram impostas são chutadas para escanteio, aí passa a valer sem a mediação de um juiz. Uma pena, mas somente o tempo nos dirá se voltamos a jogar o jogo justo ou [se] vai valer pontapé no saco e dedo no olho”, declarou o bolsonarista. 

Procurados pelo jornalista Guilherme Amado, os empresários citados na reportagem negam que defendem golpe de Estado, apesar de não questionarem a veracidade das mensagens. Confira a íntegra da matéria aqui