No exterior, Barroso pede para não ser incomodado "com mentiras e miudezas" de Bolsonaro

O titular do Planalto voltou a atacar o ministro e presidente do TSE ao falar de "fraude" nas eleições e foi solenemente ignorado

Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
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O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu nesta quarta-feira (7) ignorar novos ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro que, mais cedo, com medo de perder as próximas eleições, voltou a falar em "fraude".

“Quem vai decidir eleição no ano que vem vai ser quem conta o voto. Hoje em dia, quem conta o voto é o TSE de forma secreta e sabemos qual é a vida pregressa do Barroso", disparou Bolsonaro em entrevista à Rádio Guaíba.

O presidente ainda reafirmou, sem apresentar provas, que Aécio Neves (PSDB) teria vencido Dilma Rousseff (PT) nas eleições de 2014. "A democracia se vê ameaçada por parte de alguns de toga que perderam a noção de onde vão seus deveres e direitos. Quando você vê o ministro Barroso ir ao parlamento negociar com as lideranças partidárias para que o voto impresso não fosse votado na comissão especial, o que ele quer com isso? Fraude nas eleições", declarou.

O TSE, então, foi acionado pela imprensa para que Barroso comentasse o caso. Ele se recusou a responder e o órgão divulgou a seguinte nota: "A Secretaria de Comunicação do Tribunal Superior Eleitoral informa que o ministro Luís Roberto Barroso está num compromisso acadêmico fora do Brasil e pediu para não ser incomodado com mentiras e miudezas".

Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), corte que Barroso também integra, divulgou nota mais cedo, sem citar nomes, fazendo referência aos novos ataques de Bolsonaro. "O STF rejeita posicionamentos que extrapolam a crítica construtiva e questionam indevidamente a idoneidade das juízas e dos juízes da Corte", diz o texto.

À la Donald Trump, Bolsonaro pretende tumultuar o processo eleitoral, alegando fraude e, por isso, pede o "voto impresso", apesar da urna eletrônica brasileira ser uma das mais seguras do mundo e todo o processo ser auditado. Os ataques a Barroso e a narrativa de fraude feitas pelo presidente têm se intensificado na medida em que seu governo perde apoio e que vê o ex-presidente Lula disparando na liderança das pesquisas de intenção de voto.