Senadores e deputados reagiram de forma negativa ao pedido de impeachment apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Senado Federal contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (20).
O mandatário apresentou o pedido exatamente uma semana após a prisão de seu aliado, Roberto Jefferson (PTB-RJ), a mando de Moraes. Além disso, Bolsonaro é alvo de inquéritos, tanto no STF como no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por atentar contra o sistema eleitoral e as instituições.
No domingo, Bolsonaro chegou a encaminhar mensagem em lista de transmissão no WhatsApp que fala em “provável e necessário contragolpe”. A data do “contragolpe” seria o dia 7 de setembro, quando apoiadores estariam articulando uma mobilização contra o STF. Isso inclui o sistema eleitoral e a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson. Nas milícias digitais se fala em invasão da Embaixada da China, enquanto o cantor Sérgio Reis prega em áudio vazado invasão do STF.
Reações no Senado
O anúncio, inserido nesse contexto turbulento, provocou reações imediatas no Senado. "Nunca se viu nas democracias um desvario igual ao de Bolsonaro ao propor o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O ataque é a gota d’água para os democratas. Não há diálogo com quem só ambiciona o confronto. Obviamente o pedido não prosperará e tem meu voto antecipado: não", escreveu o senador Renan Calheiros (MDB-AL) no Twitter. Calheiros é relator da CPI do Genocídio.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI que tira o sono de Bolsonaro, foi outro que usou as redes para se posicionar. "Bolsonaro, vá procurar o que fazer! Nós estamos com mais de 14 milhões de desempregados, 19 milhões de famintos, inflação descontrolada! Cuide dos problemas reais do país e não fique arranjando mais problemas do que o nosso povo já tem!", tuitou o líder da Oposição no Senado.
"Mais uma cortina de fumaça do presidente para esconder os desastres de seu governo. O pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes protocolado por Bolsonaro é uma farpa que não irá atingir nossas instituições", afirmou o senador Jean Paul (PT-RN), líder da Minoria no Senado.
"O pedido de impeachment de Alexandre de Moraes tem pouquíssima chance de ser aprovado. Os ataques ao min. devem-se a sua atuação rigorosa no combate às fake news, que tanto afetam a democracia. O presidente tensiona ainda mais as relações e caminha a passos largos p/a ingovernabilidade", criticou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).
Câmara também critica Bolsonaro
Na Câmara dos Deputados também houve reações negativas, incluindo a do vice-presidente da casa, Marcelo Ramos (PL-AM). "A alegação de que o ministro proferiu julgamento na causa em que é suspeito, é descabida porque não configuradas as hipóteses de suspeição que são aquelas listadas na lei", afirmou.
"Alguém pode fazer o favor de avisar ao miliciano que o Impeachment que o Brasil está ansioso pra ver é o dele, não de ministro do STF", tuitou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).
"Mais uma vez o amedrontado Bolsonaro se torna autoritário, demonstrando a fraqueza de seu governo ao atuar contra quem o investiga. Até quando? Queremos Impeachment de Bolsonaro já!", reagiu Fernanda Melchionna (PSOL-RS).
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