"Debandada": Mais dois secretários de Guedes abandonam governo Bolsonaro

Em resposta às críticas dos ex-assessores, Guedes disse que "se pudesse, privatizava todas as estatais"

Paulo Guedes (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
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O Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, sofreu duas novas baixas nesta terça-feira (11), chegando a 5 demissões de assessores da pasta em 2 meses. Com críticas ao governo, Salim Mattar, secretário de Desestatização, e Paulo Uebel, de Desburocratização, pediram para sair.

Segundo informações do jornalista Igor Gadelha, da CNN Brasil, Mattar decidiu sair por discordar da postura do governo em relação às privatizações enquanto Uebel abandonou o barco por conta da decisão de Guedes de adiar a reforma administrativa para 2021.

As demissões forçaram Guedes a comentar sobre o assunto em coletiva de imprensa marcada após encontro com Rodrigo Maia sobre o Teto de Gastos. "A nossa reação à debandada que aconteceu hoje é acelerar as reformas. Nós vamos privatizar, nós vamos insistir nesse caminho, nós vamos lutar, nós vamos destravar os investimentos", disse Guedes.

"Eu, se pudesse, privatizava todas as estatais. Para privatizar todas, você tem que privatizar duas ou três, nós não conseguimos nem duas ou três. Isso é preocupante", disse ainda.

Fim do teto

Segundo o economista Guilherme Mello, professor da Unicamp e diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da instituição, a as baixas estão relacionadas com o fim do teto.

"A 'debandada' no ministério é uma reação ao fim do teto de gastos. Quem determinou o fim do teto foi o centrão, em particular o MDB. Parte do governo apoia a mudança no teto, incluindo militares (em off). Derrotado, Guedes quer negociar", afirmou.

Para Mello, a reação ao fim do teto poder uma "quebra no piso", em um "jogo combinado entre Guedes, Bolsonaro, Globo e liberais". "Hoje a pauta fica clara: mudar o teto e, em troca, privatizar tudo e arrochar o funcionalismo. A debandada é sobre isso. Eduardo Braga disse isso em 'on' em reportagem do Valor. Bolsonaro apoia, de olho na 'renda Brasil'", comentou.

Com informações da Agência Brasil e do Uol

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