"Entregador não é microempreendedor, é microescravo", diz Lula

Em conversa com o ex-presidente, Flávio Dino (PCdoB) defendeu a criação de uma nova lei para garantir direitos à categoria

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Em conversa por videochamada com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), nesta segunda-feira (29), o ex-presidente Lula criticou a precariedade do trabalho de entregadores de aplicativo. Para o petista, a Justiça do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho (MPT) deveriam ter feito mais por esses trabalhadores.

"Ainda não chegamos ao estado de bem-estar social. Estamos perdendo tudo o que conquistamos no século 20 e 21. Nada que os trabalhadores conquistaram veio de graça, mas eles acabaram com tudo, e colocaram a ideia de que era todo mundo microempreendedor", afirmou o ex-presidente.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é um dos responsáveis por taxar trabalhadores informais ou precarizados de "empreendedores". Em fala recente, o ministro disse que motoristas de táxi e faxineiras se enquadravam nessa definição.

Lula também chamou atenção para o fato de que, caso entregadores sofram algum tipo de acidente no trabalho, quem arca com a situação são eles, e não os patrões. "Eles não são microempreendores, são quase como um microescravo", afirmou.

O governador do Maranhão defendeu a criação de uma lei específica para entregadores de aplicativo e também classificou como "escravidão" a atual condição de trabalho dessas pessoas. "Não pode ficar sem direito algum, como se fosse escravo", disse.

"Vamos ter que criar uma lei para essas pessoas que estão deserdadas pelo Estado brasileiro. O Estado não pode ser mínimo, tem que tomar decisões, fazer cumprir as coisas. Não é possível um estado que não pode fazer nada", opinou Lula, em crítica ao atual governo neoliberal de Jair Bolsonaro.