Bolsonaro pode repetir invasão ao Capitólio no Brasil, diz Human Rights Watch

Diretora da ONG no Brasil cita a perda de popularidade do presidente, a crise econômica e os prognósticos de uma possível derrota para Lula nas eleições

Jair Bolsonaro | Foto: Alan Santos/PR
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Ataques feitos por Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além da divulgação de notícias falsas sobre a segurança das urnas eletrônicas, acendem alerta na Human Rights Watch para que uma invasão do Capitólio, sede do congresso nos Estados Unidos, não aconteça no Brasil.

Em relatório mundial lançado nesta quinta-feira (13), a entidade dedica um grande espaço à deterioração das instituições democráticas e às violações aos direitos humanos no Brasil. "A sociedade civil brasileira, a comunidade internacional e as instituições precisam continuar vigilantes para que não aconteça aqui o que aconteceu nos EUA com a invasão ao Capitólio."

Em entrevista ao UOL, a diretora da ONG HRW no Brasil, Maria Laura Canineu, cita a queda de popularidade de Bolsonaro, a crise econômica que se desenha e os prognósticos de uma possível derrota na eleição para o ex-presidente Lula (PT) como fatores que podem levá-lo a radicalizar e tentar uma ruptura democrática.

No entanto, para a diretora, as instituições brasileiras já mostraram que são capazes de conter os ataques de Bolsonaro. "As instituições brasileiras têm se mostrado fortes e capazes de conter as ameaças mais fortes e relevantes de Bolsonaro. O que a gente tem de expectativa é que elas continuem a fazer isso. Esse ano é mais importante ainda que se faça, tendo em vista a proximidade das eleições", afirma Canineu.

O próprio Bolsonaro, porém, ameaçou que algo pior poderia acontecer no Brasil em discurso a apoiadores um dia depois do ataque ao Capitólio. "Se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, vamos ter problema pior do que nos Estados Unidos", disse.

Por que o Capitólio foi invadido

A invasão ao Congresso dos EUA, que no último dia 6 completou 1 ano, ocorreu baseada na alegação falsa de Donald Trump de que houve fraude nas votações das eleições e objetivava que a posse do presidente-eleito Joe Biden não se concretizasse.

Convocados pelo republicano, apoiadores se reuniram em Washington para protestar contra o resultado justamente no dia em que as duas casas legislativas se reuniriam para ratificar a vitória de Biden. No ataque, os agressores conseguiram superar momentaneamente a segurança do local, entrando no Capitólio, destruindo diversos objetos – muitos com significado histórico – e ameaçando de morte os congressistas.

Pelo menos dois manifestantes e três policiais morreram nos dias seguintes ao ataque. Nos meses seguintes, outros quatro agentes de segurança que defenderam o Capitólio se suicidaram. Outros 140 policiais ficaram feridos.