Lava Jato do Rio produziu delação de presidente da Fecomércio contra advogados; alvo era Lula

Como o próprio Cristiano Zanin havia adiantado á Fórum em setembro do ano passado, o presidente da Fecomércio-RJ recebeu uma "senha" de que a "delação só seria aceita se ele falasse algo sobre o advogado do Lula”

Lula Cristiano Zanin, Valeska Martins e Geoffrey Robertson, seu advogado na ONU (Foto: Ricardo Stuckert)
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Reportagem do site Consultor Jurídico nesta segunda-feira (26) revela que procuradores que faziam parte do braço fluminense da Lava Jato produziram uma delação do então presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz para desencadear uma operação midiática contra escritórios de advocacia, autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, que tinha como alvo principal o advogado Cristiano Zanin Martins, que faz a defesa do ex-presidente Lula.

Procuradores teriam aproveitado de uma briga entre Diniz e o presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Antonio Oliveira Santos, para montar uma tese - corroborada depois pela delação ditada pelos membros do Ministério Público Federal (MPF) ao presidente da Fecomércio - para perseguir escritórios de advocacia de desafetos da CNC, que patrocinou uma série de palestras de Sergio Moro e de membros da Lava Jato pelo país para divulgar as chamadas "10 Medidas contra a Corrupção".

Diniz foi preso duas vezes - em 2007 e 2011. Chegou a fazer uma delação em troca da liberdade e do direito de ficar com cerca de US$ 250 mil depositados no exterior, de acordo com o MPF do Rio.

Sem serventia, as palavras do presidente da Fecomércio foram descartadas. Mas, em seguida, Diniz teria protagonizado um vídeo que mostra a procuradora Renata Baptista e colegas refazendo a delação de Diniz e colocando na boca do delator o que ele não disse, "como boneco de ventríloquo", diz a reportagem.

A delação resultou na operação contra 26 pessoas ligados a escritórios de advocacias. Como o próprio advogado de Lula já havia adiantado ao Fórum Onze e Meia em setembro de 2020, Diniz teria recebido "uma ‘senha’ da Veja, em 20 de janeiro de 2019, que a delação só seria aceita se ele falasse algo sobre o advogado do Lula”.

Segundo a reportagem do Conjur, no caso do escritório Teixeira, Zanin Martins, a próprio Receita Federal atestou "vasta" comprovação dos serviços — mas há escritórios que nem foram contratados, nem receberam qualquer quantia da Fecomércio. "O alvo principal do MPF sempre foi o escritório que faz a defesa do ex-presidente Lula", diz o texto.