Nordestina, mulher e de esquerda, Erundina diz que agora luta contra mais um preconceito: a idade

Pré-candidata do PSOL à prefeitura de São Paulo na chapa de Guilherme Boulos, deputada disse em entrevista que "velhice não é defeito e nem doença" e ainda disparou contra aqueles que se colocam como renovação: "Tem até partido chamado Novo. Mas eu nunca vi tanta cabeça velha"

Luíza Erundina - Foto: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados
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Aos 85 anos de idade, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP) tem energia não só para atuar na Câmara mas também para disputar a prefeitura de São Paulo. Primeira prefeita mulher da capital paulista, em 1988, a parlamentar voltará à corrida pelo Executivo municipal, desta vez como candidata a vice na chapa de Guilherme Boulos.

Em entrevista concedida ao UOL divulgada neste domingo (8), Erundina revelou que, atualmente, sua idade é mais um preconceito com o qual tem que lidar hoje em dia.

"Sou nordestina, mulher, de esquerda, solteira. Só faltava eu ser negra. Eu teria mais um motivo para lutar por alguma coisa. Contra o preconceito racial. E agora eu tenho mais um preconceito: a idade. Imagina quanto isso é forte", disse, afirmando ainda que o preconceito por sua idade é observado entre seus colegas parlamentares e até mesmo dentro de seu partido.

"Hoje eu tenho mais um fator para lutar. É para demonstrar que a velhice não é uma doença, muito menos um defeito. As pessoas tratam a velhice como um defeito. Dizem: coitadinha. Nos eventos que acontecem lá na Câmara, ou aconteciam, antes desse momento grave, como conferências e seminários para debater a velhice, o tema era sempre a doença, o cuidador, onde o velho vai ficar. E eu me revoltava", pontuou.

Ao falar sobre velhice, a ex-prefeita aproveitou para criticar uma nova geração que se auto-classifica como representante de uma "nova geração".

"Houve uma renovação muito grande, mais de 40% da Câmara. Estou no sexto mandato. E tem até partido chamado Novo. Mas eu nunca vi tanta cabeça velha. Tem muito jovem. Com certeza, cresceu muito o número de jovens. Não só no Partido Novo, mas também nos outros partidos. Lamentavelmente, a juventude em número de anos não corresponde àquilo que precisa para ter maturidade política", disparou.

Confira a íntegra da entrevista aqui.