PSOL diz que não aceitará ameaça de Bolsonaro de "acabar com comunistas"

"Ao defender 'acabar com os comunistas' Bolsonaro adere à mesma fórmula usada pelas ditaduras latino-americanas, pelo nazismo, pelo macartismo e por outros projetos de extrema-direita", diz nota oficial da legenda

Escrito en POLÍTICA el
A fala de Jair Bolsonaro desta quarta-feira (14) sobre eliminar a oposição do país gerou reação por parte do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que divulgou nota oficial em repúdio à declaração do presidente. Em evento no Piauí, o capitão da reserva voltou a falar de "cocô" e, novamente, desferiu ataques à esquerda. “Vamos acabar com o cocô do Brasil. O cocô é essa raça de corruptos e comunistas”, disse o presidente. Sob o coro de “mito”, Bolsonaro continuou seu discurso dizendo que vai “varrer essa turma vermelha do Brasil”. “Já que na Venezuela está bom, vou mandar essa cambada para lá. Quem quiser um pouco mais para o norte, vai até Cuba”, finalizou. Para o PSOL, a declaração do presidente remete às ditaduras latino-americanas que ele apoia e até mesmo ao nazismo, que encampava o discurso de eliminar fisicamente políticos e ativistas da oposição. "A existência de partidos comunistas e socialistas é um direito assegurado pela Constituição Federal e nenhum Chefe de Estado, a não ser num regime de exceção, pode defender a proibição dessas agremiações", diz a nota, que lembra ainda o fato de Bolsonaro, nas últimas semanas, ter encampado ataques não só ao campo político da esquerda, mas também à imprensa, aos movimentos sociais e também ter feito declarações em tom saudosista com relação ao período da ditadura militar. "Mas é a primeira vez, depois da posse, em que ele cruza o limite do respeito à existência das forças políticas de esquerda", completa o partido na nota. Confira a íntegra. Nesta quarta-feira, 14 de agosto, em agenda oficial no Piauí, Jair Bolsonaro afirmou que irá “acabar com os corruptos e os comunistas”. Disse ainda que irá “varrer essa turma vermelha do Brasil” e que “já que na Venezuela está bom, vou mandar essa cambada pra lá”. O Partido Socialismo e Liberdade manifesta seu repúdio a essas graves afirmações. Ao defender “acabar com os comunistas” Bolsonaro adere à mesma fórmula usada pelas ditaduras latino-americanas, pelo nazismo, pelo macartismo e por outros projetos de extrema-direita que tinham como propósito a eliminação física ou política de seus oponentes. A existência de partidos comunistas e socialistas é um direito assegurado pela Constituição Federal e nenhum Chefe de Estado, a não ser num regime de exceção, pode defender a proibição dessas agremiações. Nestes meses à frente da Presidência da República, Bolsonaro demonstrou toda sua incapacidade para governar e resolver os graves problemas que o país vive, se ocupando apenas de disseminar ódio e divisão, fórmula encontrada para esconder o desastre representado por seu projeto. Nas últimas semanas Bolsonaro tem se manifestado de forma a agredir ou ameaçar setores da sociedade brasileira, a imprensa, os movimentos sociais e a memória daqueles que lutaram pela democracia. Mas é a primeira vez, depois da posse, em que ele cruza o limite do respeito à existência das forças políticas de esquerda. Mais grave ainda é a afirmação de que banirá a oposição, como faziam as ditaduras que ele tanto admira. Os partidos socialistas e comunistas no Brasil sempre foram os guardiões da democracia e dos direitos sociais. Não aceitaremos, portanto, qualquer tipo de ameaça e esperamos que as instituições finalmente intervenham contra mais esse absurdo. O PSOL só terminará quando sua missão histórica estiver concluída: a construção de um Brasil socialista e libertário. Partido Socialismo e Liberdade 14 de agosto de 2019