Trégua de Natal: Haddad diz que Ciro Gomes deveria selar paz definitiva

“O Ciro Gomes vem agredido verbalmente a mim, a presidenta (do PT) Gleisi (Hoffmann) e ao presidente Lula há três anos, e você nunca ouviu da minha parte uma menção desabonadora à figura dele”, afirmou o petista

Fernando Haddad - oto: Reprodução/YouTube
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O ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), repudiou os ataques sofridos pelo presidenciável Ciro Gomes (PDT), durante o ato ”Fora Bolsonaro”, sábado (2), na Avenida Paulista, em São Paulo. No entanto, o petista ressaltou que é alvo frequente do pedetista.

“O Ciro Gomes vem agredido verbalmente a mim, a presidenta (do PT) Gleisi (Hoffmann) e ao presidente Lula há três anos, e você nunca ouviu da minha parte uma menção desabonadora à figura dele”, destacou Haddad, em entrevista ao UOL News, nesta segunda (4).

Na manifestação contra o presidente, em São Paulo, Ciro recebeu muitas vaias e quando deixava o ato sofreu uma tentativa de agressão. Uma pessoa tentou atirar uma garrafa de bebida contra ele e o veículo do pedetista foi atingido por pedaços de paus.

“A vaia e o aplauso são partes da democracia”, declarou Haddad. Porém, ele criticou as tentativas de agressão contra Ciro. O petista destacou que, apesar de sofrer ataques do pedetista, não recebe solidariedade de outros partidos e de setores da sociedade.

Respondo em termos civilizados, restabelecendo a verdade, quando acho que ele faltou com a verdade, mas nunca revidei uma agressão verbal. E foram muitas. Infelizmente nunca recebi solidariedade de ninguém pelas agressões verbais que sofri, a não ser do PT e da militância progressista”, enfatizou.

Trégua

Um dia após ter sofrido os ataques na Avenida Paulista, Ciro gravou um vídeo para pedir uma “amplíssima trégua de Natal” entre os progressistas. Para ele, agora o objetivo central é derrotar Jair Bolsonaro.

“Espero que não seja até o final desse ano. Essa trégua tem que selar uma paz definitiva. É muito chato você ver uma pessoa que estava com você até outro dia no governo te agredir. Eu fui ministro com Ciro Gomes. Quase compusemos uma chapa em 2018”, lembrou Haddad.

Entendimento

Haddad afirmou, ainda, que os partidos precisam se entender agora em relação ao segundo turno da eleição presidencial de 2022. Ele apontou que este não é o momento para se dar destaque às divergências entre eles, mas, sim, reforçar o que têm em comum.

“Para o bem do Brasil, temos que tratar do segundo turno juntos. Não dá para descasar primeiro e segundo. Não teríamos o resultado que tivemos em 2018 se houvesse tempo de preparar aquele segundo turno. Infelizmente, as circunstâncias não permitiram”, disse o petista.

Tucanos

Em relação a uma suposta aproximação com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Haddad afirmou que conversa com “com todo mundo” e que é preciso “encontrar saídas para São Paulo e Brasil”.

Alckmin já admitiu que deve deixar os tucanos para, possivelmente, se filiar ao PSD.

“Vejo como um bom movimento a saída do ex-governador Alckmin do PSDB. O PSDB se descaracterizou com o Doria e Eduardo Leite. Eles radicalizaram muito para a direita. Apoiaram explicitamente o Bolsonaro. Defendem uma política econômica nefasta para os pobres desse país”, disse Haddad.

O petista não entrou em detalhes sobre essa suposta aproximação com o ex-governador. “A política é a saída para se construir alternativas e colocá-las à disposição do eleitor, que é quem vai julgar a conveniência das alternativas oferecidas”, concluiu.