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Por que veneno de aranha pode virar remédio contra impotência

A aranha-armadeira mede até 17 centímetros e sua picada espalha uma toxina que pode ser fatal

Aranha-armadeira.Créditos: Léo Rodrigues/Agência Brasil
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A indústria farmacêutica está estudando a possibilidade de usar o veneno produzido pela aranha-armadeira para a criação de uma nova fórmula de remédio para combater a disfunção erétil, também chamada de impotência sexual masculina.

Esta espécie de aranha (Phoneutria sp.) pode medir até 17 centímetros. Ficou conhecida porque a toxina existente em seu veneno, que pode ser fatal, provoca em homens ereções prolongadas e dolorosas, chamadas de priapismo. Por isso, pesquisadores estudam a viabilidade do medicamento a partir do veneno.

“Acidentados por outras espécies de aranhas e escorpiões também podem apresentar priapismo. Como o priapismo geralmente ocorre em casos graves, o paciente muito provavelmente já estará recebendo atendimento quando isso acontece, senão, recomenda-se sempre procurar atendimento médico. Em adultos, o priapismo permanece de 1 a 2 horas. Em crianças, por mais de 2 horas. De qualquer forma, não são eventos comuns, ao contrário do que se imagina”, explicou Rogério Bertani, pesquisador científico do Laboratório de Ecologia e Evolução (LEEV) do Instituto Butantan, em entrevista ao UOL.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, apontam que entre 2019 e 2023, foram notificados no país 23.868 casos de picadas provocadas pela aranha-armadeira, com o registro de 13 mortes. As regiões Sul e Sudeste são as mais propícias como habitat das armadeiras.

Medicamento está em fase de testes

Um medicamento desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está em fase de testes e, em caso de aprovação, será usado para reverter a disfunção erétil.

Eles criaram um gel formado a partir do veneno da aranha-armadeira. A patente já foi adquirida pela indústria farmacêutica, mas ainda não foi divulgada.

A impotência sexual afeta cada vez mais pessoas em todo o mundo, homens e mulheres. Pesquisa realizada pelo New England Research Institutes, dos Estados Unidos, apontou que, até 2025, 322 milhões de pessoas sofrerão com o problema.