Venezuela? Supermercados de Rio e SP já limitam compras de arroz e óleo

Em supermercado da rede Extra localizado na zona norte do Rio, uma família só pode levar 10kg de arroz pra casa; entidades cobram medidas do governo Bolsonaro

Reprodução/Extra
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A restrição na venda de produtos em razão da disparada nos preços de alimentos da cesta básica brasileira tem sido mais frequente nos supermercados do país. Depois de clientes relatarem limitações no número de itens nas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Sorocaba, foi a vez do Rio de Janeiro passar pelas restrições de supermercadistas.

Segundo informações da jornalista Ana Clara Veloso, publicadas nesta quarta-feira (9) no jornal Extra, mercados da rede Extra e Prezunic na capital carioca estão entre os que já adotam limites em alimentos como arroz e óleo. Em uma unidade do primeiro localizada na Tijuca, uma família só pode levar 10 kg de arroz por vez e 5 unidades de óleo de soja. Já no outro a restrição é um pouco mais branda: 10 unidades de arroz 1kg ou 5 de arroz 5kg.

Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta quarta aponta que o preço de alimentos e bebidas subiu mais no mês passado no país do que o índice geral da inflação no ano. A divulgação bate com o que o consumidor está sentindo no bolso: o que mais subiu mês passado foi o tomate (12,98%), o óleo de soja (9,48%), o leite longa vida (4,84%) e o arroz (3,08%).

“O arroz acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%”, disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IPCA no IBGE. “O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano, e o feijão carioca, de 12,12%”, completou.

Já a Associação Brasileira de Procons (ProconsBrasil) informou ao jornal Extra que o arroz já registrou um reajuste de até 320% no preço do produto. A entidade cobra medidas do governo. "A gente acionou o governo federal para que acompanhe e monitore (a situação) e, de repente, estabeleça tetos de exportação, para garantir o abastecimento interno. E invista na agricultura familiar e nas cooperativas rurais, que não vão exportar, vão gerar empregos e ainda movimentar a economia regional" disse Filipe Vieira, presidente da organização.

Auxílio emergencial

Com os aumentos e o corte que o governo Bolsonaro vai realizar no auxílio, de R$ 600 para R$ 300, o benefício vai ficar com valor menor do que uma cesta básica, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Sem tabela

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o governo não cogita intervenção nos preços de alimentos - que estariam subindo em razão do aumento das exportações provocado pela alta do dólar - e declarou que não faltará alimento nas prateleiras. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) esse cenário é possível.