O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta criticou o novo formato adotado pelo governo de Jair Bolsonaro para divulgar os dados sobre o coronavírus no país. Para o médico, trata-se de uma "tragédia".
Depois de ficar um dia fora do ar, o portal do ministério com informações sobre a doença deixou de contabilizar o número total de casos e óbitos, informando apenas aqueles que foram registrados nas últimas 24 horas.
“Diferentemente de uma guerra militar, em que o segredo é uma arma, contra um vírus não há segredo. Camuflar números é uma tragédia. Tira do indivíduo a capacidade de se defender", disse o ex-ministro, de acordo com a colunista do Correio Braziliense, Denise Rothenburg.
"Informação é fundamental, por isso, eu fazia questão das coletivas à tarde, para dar tempo de as pessoas analisarem os números, e deixar a população atenta”, continuou.
O ex-ministro também associou as mudanças à ala militar do governo. O Ministério da Saúde, por exemplo, possui ao menos 13 militares ocupando cargos, a maioria sem experiência.
"Talvez isso seja o que estamos presenciando: uma ótica muito mais de carreira promocional, de cumprir uma missão e essa missão se passa por sonegar informações, torturar os números", afirmou. Para ele, a estratégia militar é "burra e genocida".
A mudança no portal do Ministério da Saúde aconteceu neste sábado (6) e fez com que a universidade norte-americana John Hopkins, uma das principais fontes de informação sobre o coronavírus em escala global, interrompesse a contagem dos dados sobre a doença no Brasil.