RACISMO

Escola que vestiu criança negra de macaco diz que denúncia de racismo é "injusta"

Mãe diz que filho aparece com máscara de macaco em festa com temática de circo na escola, enquanto outras crianças cantam: "virou macaco". Associação Evangélica Monte Carmelo se defendeu nas redes.

Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.Créditos: Divulgação
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Denunciada por racismo por uma mãe após colocar uma máscara de macaco em um aluno negro de três anos, a Associação Evangélica Monte Carmelo, que administra o Centro Educacional Infantil (CEI) Monte Carmelo II, na Zona Leste de São Paulo, divulgou uma nota nas redes sociais dizendo que a acusação de crime racial é "injusta".

"A Associação Evangélica Monte Carmelo, com mais de 20 anos de serviços prestados em favor da comunidade local, vem pesarosamente manifestar a sua profunda indignação quanto à acusação de crime racial, diga-se injusta, que vem se espraiando nas diversas mídias sociais de maneira leviana e irresponsável, posto que esta instituição jamais compactuaria com qualquer conduta ou gesto que tenha por objeto o racismo", publicou a associação, salientando que "todas as medidas judiciais já estão sendo tomadas para o devido esclarecimento real dos fatos".

Stephanie Silva, mãe do aluno, fez a denúncia depois que soube que foi colocada uma máscara de macaco no filho, que foi vestido de palhaço em uma festinha que tinha o circo como tema.

"Comprei a roupinha, e ele estava superanimado em participar da festa. Quando saiu da escolinha, não estava com todas as peças, mas acabei não questionando sobre o que tinha acontecido", contou ao G1.

No dia seguinte, no entanto, ela disse ter ficado chocada com um vídeo publicado pela escola em que o filho aparece com uma máscara de macaco enquanto as outras crianças cantam uma música que diz: "você virou, você virou um macaco".

"Ele não pediu para ser o macaco, a professora escolheu ele. Ele é uma criança muito alegre, muito 'espoleta', e no vídeo dá pra ver que ele está desconfortável, está perdido ali", disse a mãe.

"Foi uma atividade para todas as crianças. Por que escolher meu filho para ser o macaco? Por que uma criança preta, sendo que ele já estava com roupa de palhaço? Toda vez que falo [sobre o assunto], já começo a tremer. Eu já sofri muito preconceito e aguentei calada. Mas estou num processo de descoberta, inclusive fazendo transição capilar. Então tocou em uma ferida aberta", emendou, indignada.

Stephanie registrou um boletim de ocorrência por crime de injúria racial. 

A Secretaria Municipal da Educação afirmou que o "caso será apurado e a Diretoria Regional de Educação (DRE) notificará a Organização da Sociedade Civil (OSC) responsável pela unidade para esclarecimentos, sob risco de penalização, conforme legislação.