Bolsonaro ataca Globo e volta a criticar isolamento após 100 mil mortos de covid-19

Presidente, mais uma vez, se negou a dar uma palavra direta de solidariedade para as vítimas da pandemia: ‘lamentamos cada morte, seja qual for a causa’

Jair Bolsonaro gera aglomeração em São Vicente horas antes de o Brasil atingir 100 mil mortes por coronavírus (Foto: Cassio Moraes/Seicom/PMSV)Créditos: Presidência da República
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O presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez, se negou a dar uma palavra direta de solidariedade para as vítimas do coronavírus e seus familiares, um dia depois do país registrar mais de 100 mil óbitos decorrentes da covid-19.

No último sábado (8), dia que o país atingiu a trágica marca, o presidente já tinha homenageado o Palmeiras e compartilhado dados positivos (e distorcidos) sobre a pandemia no Brasil.

Neste domingo (9), em nova publicação nas redes sociais, sem qualquer sensibilidade com as vítimas, Bolsonaro aproveitou para, mais uma vez, criticar o isolamento social, medida recomendada por especialistas do mundo todo, e defender a cloroquina, medicamento que estudos científicos comprovaram ser ineficaz no combate ao coronavírus.

O presidente compartilhou dados do jornal britânico Daily Mail sobre o número de mortes no Reino Unido durante a quarentena. A publicação, como Bolsonaro, é crítica do isolamento.

Não apenas a análise do jornal é discutível, como o presidente faz uma comparação descabida com o Brasil. Há diferenças de perfil e tamanho entre as populações e entre os sistemas públicos de saúdes dos dois países.

"Conclui-se que o Lockdown matou 2 pessoas pra cada 3 de Covid no Reino Unido. No Brasil, mesmo ainda sem dados oficiais, os números não seriam muito diferentes", escreveu Bolsonaro, sem apresentar qualquer estudo brasileiro sobre o tema.

"Lamentamos cada morte, seja qual for a sua causa, como a dos 3 bravos policiais militares executados em São Paulo", continua o presidente, mais uma vez evitando reconhecer a gravidade da mortalidade atingida no país ou até mesmo escrever o número de 100 mil mortos.

Na sequência, Bolsonaro para a atacar a TV Globo, que, no sábado, fez um duro editorial, no qual apontou a responsabilidade do presidente pelo alto número de vítimas da pandemia.

"Muitos gestores e profissionais de saúde fizeram de tudo pelas vidas do próximo, diferentemente daquela grande rede de TV que só espalhou o pânico na população e a discórdia entre os Poderes", escreveu.

"No mais, essa mesma rede de TV desdenhou, debochou e desestimulou o uso da Hidroxicloroquina que, mesmo não tendo ainda comprovação científica, salvou a minha vida e, como relatos, a de milhares de brasileiros", continuou o presidente.

Bolsonaro disse ainda que a Globo "festejou" o número de mortos e que a emissora está com saudade de outros governos, nos quais, segundo ele, receberia mais verba.

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https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1292523327328747522
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