Damares ataca jornalista do Yahoo e acusa imprensa de 'banalizar sexualização infantil'

Ministra de Bolsonaro está em guerra contra filme do Netflix. Criticada por conservadores, obra discute pressão que meninas enfrentam nas redes sociais e na sociedade

Foto: Arquivo
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A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, atacou o colunista do site Yahoo Matheus Pichonelli e acusou a imprensa de "banalizar sexualização infantil".

"Um bom título também seria 'Por que parte da imprensa insiste em banalizar a sexualização infantil?'', escreveu Damares, no Twitter, ao compartilhar imagem do artigo de Pichonelli em que se pode ver o título "Por que Damares ataca um filme sobre direito a ser criança?".

https://twitter.com/DamaresAlves/status/1306557579955503104

O centro da polêmica é o filme “Lindinhas”, recém-lançado no Brasil pela Netflix. Premiada em festival internacional, a película conta a história de Amy, uma menina de 11 anos de origem senegalesa que se muda para a França com sua família. Ela conhece um grupo de dança de garotas de sua idade, “Mignonnes” (o nome original do filme, em francês), o que não é aprovado por sua família religiosa e conservadora.

O filme passou a ser alvo de críticas na internet, em um campanha capitalizada pela direita nos Estados Unidos. Nas redes, usuários acusam a plataforma de favorecer a sexualização de menores e a “normalizar” a pedofilia, e lançaram um movimento de boicote, que pede o cancelamento de asssinaturas.

A militância bolsonarista, como esperado, embarcou na campanha. Diante da mobilização, desde a última segunda-feira (14), Damares também declarou guerra a "Lindinhas" e tem feito postagens prometendo tomar providências contra a produção. Ela chegou a classificar a película como "abominável".

A plataforma defendeu o filme, que descreveu como “um comentário social contra a sexualização de crianças pequenas”. “É um filme premiado e uma história poderosa sobre a pressão que as meninas enfrentam nas redes sociais e da sociedade em geral à medida que crescem, e encorajamos todos que se preocupam com essas questões importantes a assistir ao filme”, afirmou a Netflix, em declaração para a Fox News.

A diretora e roteirista Maïmouna Doucouré chegou a receber ameaças de morte após a estreia do filme no catálogo. A Netflix fez uma entrevista com ela, em que conta as razões para ter feito a película.

https://youtu.be/UnpuqptL8eg