Fux elogia Mendonça e diz que ampliar presença de evangélicos não prejudicará STF

Segundo o presidente da Corte, novo ministro "terrivelmente evangélico" está ciente de que o Supremo obedece à laicidade do Estado: "Não irá introjetar valores evangélicos extremos nas decisões"

Luiz Fux - Foto: Fellipe Sampaio/STF
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, garantiu em entrevista ao "Estadão" que o novo ministro "terrivelmente evangélico", André Mendonça, respeitará a separação entre Estado e religião ao vestir a toga.

Apesar das comemorações efusivas feitas pelo ex-advogado-geral da União ao lado de evangélicos fervorosos, incluindo Michelle Bolsonaro, Fux acredita que Mendonça "está ciente de que a Corte obedece à laicidade do Estado". “Ele tem meritocracia para estar no Supremo e está ciente de que a Corte obedece à laicidade do Estado e não irá introjetar valores evangélicos extremos nas decisões”, disse.

Para o presidente do STF, ampliar a presença de evangélicos não afetará os trabalhos da Corte. “Quando (os ministros) assumem, se tornam juízes da Constituição e terão que zelar pela Constituição. A laicidade do Estado não permite que defendam apenas valores religiosos”, afirmou.

“Suponhamos que se nomeie mais dois ministros evangélicos: serão três. Aqui (nos EUA) também é assim, há os juízes republicanos e os democratas. No Brasil, os juízes evangélicos seriam minoria", continuou.

Fux também elogiou a "ponderação" e o "equilíbrio" de Mendonça e afirmou que viu com bons olhos o fato do futuro colega ter dito durante sabatina no Senado: “na vida, a bíblia; no STF, a Constituição”. 

Nomeação de André Mendonça

A aprovação do nome de Mendonça foi confirmada pelo Plenário do Senado no último dia 1º. O placar da votação foi 47 a favor e 32 contra. O “terrivelmente evangélico” Mendonça, de 48 anos, já tinha sido aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa. O placar na CCJ foi 18 sim, 9 não, nenhuma abstenção, em um total de 27 senadores que votaram.

O ex-titular da pasta da Justiça foi indicado por Jair Bolsonaro (PL) e vai ocupar a vaga de Marco Aurélio Mello, que se aposentou da Corte. Para se tornar ministro, Mendonça precisava ser aprovado pelo Plenário do Senado, o que acabou ocorrendo.

Nesta semana, durante pregação para integrantes da chamada Frente Parlamentar Evangélica e ministros do governo Bolsonaro, Mendonça fez questão de defender a primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, que recebeu inúmeras críticas e foi alvo de piadas pela maneira como festejou a ratificação do nome dele no Senado.

Ele também tentou justificar a frase "na vida a Bíblia, no Supremo a Constituição“. “O André não chega lá com o título de pastor. Mas o André chega com a história de uma vida louvada a Deus. Isso é história de vida, ninguém vai renunciar a si mesmo, renunciar ao que a gente é”, disse.