Aliado de primeira hora do governo de Romeu Zema (Novo), o PSDB, principal responsável pelo agravamento da crise fiscal em Minas Gerais, decidiu lançar chapa própria na disputa pelo comando do Estado.
A informação foi revelada a O TEMPO pelo ex-deputado Marcus Pestana, após encontro com a bancada do PSDB de Minas em Brasília e com o pré-candidato à presidência da sigla, João Doria, nesta quarta-feira (4).
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“Está decidido que vamos lançar uma chapa. Até o final de maio, nós vamos conversar com os aliados. Os dois nomes que fariam parte da chapa sou eu e o vice-governador Paulo Brant. Um como governador, outro como senador”, disse Pestana.
O processo de coordenação da chapa e das alianças está sendo tocado pelo presidente do PSDB estadual, o deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB) ligado ao deputado federal e ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB). Abi-Ackel deve conversar nos próximos dias com potenciais aliados, como União Brasil, PDT, Avante, Podemos, além do Cidadania, que integra a federação com os tucanos.
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Com a decisão de lançar candidato próprio, o PSDB, que desde o início ocupou cargos no executivo, como o caso da secretária de Planejamento Luísa Barreto, na prática, rompe com o governo de Romeu Zema.
Na Assembleia Legislativa, o PSDB é da base de Zema e inclusive integra a seleta lista de parlamentares beneficiados pelo "orçamento secreto" mineiro.
Conforme também revelou o jornal O Tempo, o primeiro colocado no ranking das emendas que seriam a versão mineira do “orçamento secreto” nacional foi o deputado do PSDB, Antônio Carlos Arantes. O parlamentar recebeu sozinho (nos repasses que ganharam o apelido de “Zema plus”) R$ 49,8 milhões no ano passado por meio de secretarias estaduais – o valor é quase 5 vezes maior que os R$ 10 milhões de emendas impositivas a que cada um dos 77 deputados estaduais tem direito anualmente.
Já por meio das emendas regulamentadas e tornadas públicas, o deputado estadual Antônio Carlos Arantes recebeu R$ 7,4 milhões, aproximadamente sete vezes menos do que o que recebeu em recursos ocultos por meio das secretarias do governo Zema.
Herança maldita
O PSDB governou Minas Gerais por 16 anos, deixando um rombo de mais de R$7,2 bilhões e casos de corrupção em obras superfaturadas como o aeroporto nas terras da família de Aécio Neves no município de Cláudio e na Cidade Administrativa.
Ainda na gestão tucana, o Estado chegou ao final de 2014 com uma dívida consolidada de R$ 94 bilhões. A maior parte do valor, cerca de 98%, referia-se a contratos de empréstimos com bancos estrangeiros e públicos, instituições de fomento e, principalmente, ao endividamento estadual com a União.
Para piorar a situação, a crise econômica resultante do confronto político - jurídico - policial criado pelas forças derrotadas nas eleições de 2014, que tinham como candidato o ex-governador Aécio Neves (PSDB), custou a Minas Gerais uma perda real de transferências federais e operações de crédito de R$20,7 bilhões de reais no período de 2015 a 2018. Isso significa uma média de R$5,2 bilhões por ano.