CONFUSÃO ATRÁS DE CONFUSÃO

IBGE informa que não fará censo se tiver que perguntar sobre orientação sexual

Desculpa dada é técnica, mas viés ideológico medieval dos bolsonaristas fica evidente. No governo da confusão diária, nova crise se avizinha no horizonte

Créditos: IBGE/Reprodução
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O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou nesta quinta-feira (9) que, se tiver que colocar as perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero em seu questionário do Censo 2022, não realizará a pesquisa minuciosa e a adiará para o próximo ano. A desculpa dada pelo renomado órgão federal foi técnica, de que não teria tempo de fazer alterações nos formulários digitais do Censo, mas a ameaça é claramente motivada por questões ideológicas caras ao bolsonarismo, que trava uma cruzada moralista de cariz medieval em todos os setores da administração pública federal.

A decisão de incluir as perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero veio via Justiça Federal, por meio de uma determinação do juiz federal Herley da Luz Brasil, do Acre, atendendo um pedido do Ministério Público Federal (MPF), e ordenou ao IBGE, na última sexta-feira (3), que colocasse as questões no Censo Demográfico de 2022.

Na ação inicial, o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Lucas Costa Almeida Dias, ressaltou que fazer o Censo sem questões sobre identidade de gênero e orientação sexual impede a formulação de políticas públicas que atendam às necessidades da população LGBTQIA+.

A reação do IBGE ao recorrer da ordem judicial, de evocar justificativas moralistas, como considerar as perguntas “invasivas” e o conteúdo “um quesito sensível”, foi interpretada como aparelhamento do tradicional instituto pelas hostes bolsonaristas, que se arraigaram por praticamente toda a Esplanada dos Ministérios, impondo agendas descabidas, sem sentido e, em alguns casos, risíveis.

O último Censo do IBGE data de 2010. Em 2020 estava prevista uma nova pesquisa, mas por conta da pandemia houve a necessidade de adiá-la. A urgência para realização do novo Censo é pelo fato de as informações de 12 anos atrás já estarem bastante defasadas, e apenas por meio do criterioso processo de análise realizado pelo IBGE é possível formular políticas públicas eficientes e abrangentes, de forma precisa, para todos os segmentos sociais.