ELEIÇÕES 2022

Médicos pela democracia apoiam chapa Lula/Alckmin em manifesto

Documento com duras críticas a Bolsonaro já foi assinado pelos infectologistas Aluisio Segurado e Marcos Boulos e Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury

Alckmin e Lula.Créditos: Ricardo Stuckert
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Médicos da USP e do Hospital das Clínicas (HC) lançaram um manifesto nesta segunda-feira (8), com mais de 300 assinaturas, em apoio à chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin (PSB), em defesa da democracia e com graves críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

A iniciativa foi idealizada por ex-alunos da Faculdade de Medicina (FMUSP) muitos dos quais foram presidentes do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz.

"Nós nos juntamos e falamos: Vamos fazer um manifesto porque, afinal, os médicos já tiveram papel importante em muitos momentos da história do país", afirma Maria Maeno, médica, pesquisadora e uma das idealizadoras do texto.

Profissionais de Saúde

A proposta reúne alunos, ex-alunos e professores não só de medicina, mas também dos cursos de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional da universidade, além de profissionais que trabalham no Hospital das Clínicas (HC) e no Hospital Universitário (HU) da Faculdade de Medicina da USP.

O documento responsabiliza o governo de Bolsonaro por "dezenas de milhares de mortes". Além disso, também afirma que são marcas da atual gestão o "desprezo pela cultura, pela pesquisa e pela educação", assim como a "fome, a precarização do trabalho e a degradação ambiental".

Já assinaram o documento os infectologistas Aluisio Segurado e Marcos Boulos, também professores titulares da FMUSP, e Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury.

Leia a íntegra:

"Atravessamos um difícil período da história, convivemos com constantes ameaças por parte do atual governo, várias concretizadas. São afrontas à democracia que nos afastam da construção de um país mais igualitário onde todos possam ter vida melhor e digna.

O atual governo tem trabalhado contra os interesses da população em todos os campos e isola o país do resto do mundo tanto na economia como na política.

A área da saúde sofre redução de recursos, que aliada à desestruturação do Ministério da Saúde e à condução desastrosa do presidente, contrária ao conhecimento científico e à opinião dos especialistas, resultou em dezenas de milhares de mortes e sequelas evitáveis.

O desprezo pela cultura, pela pesquisa e a educação são marcas deste governo, como também a fome, a precarização do trabalho e a degradação ambiental, não só, mas sobretudo na Amazônia e no Cerrado.

Como se não bastasse, o governo estimula o armamento da população sob o argumento de autodefesa, gera confronto sem nenhum sentido com o Poder Judiciário, chegando a ameaçá-lo, e trabalha para deslegitimar o processo eleitoral mesmo sem nenhuma evidência de vicio no processo do voto eletrônico desde sua adoção.

Trata-se de um momento decisivo para nós e para a humanidade, visto que o Brasil pode exercer um papel importante de mediação e de pacificação numa conjuntura internacional complexa, como já o fez ao longo de sua história recente. Pode também ser um ator importante na luta contra o aquecimento global e na organização de respostas às emergências de saúde pública que são cada vez mais frequentes.

Em outubro decidiremos entre a continuidade desta devastação cívica, econômica e social e a construção conjunta de um outro caminho, de políticas voltadas a eliminar a miséria, diminuir as desigualdades, garantir direitos, desenvolvimento científico e tecnológico que nos capacite a aumentar nossa potência no cenário mundial, de valorização da educação, do meio ambiente, de nossas riquezas naturais, do Sistema Único de Saúde. Não podemos nos omitir nesta disputa, cujo resultado será determinante para nós e nossas famílias, em uma perspectiva intergeracional.

Entre as candidaturas postas, não temos dúvida de que a chapa Lula-Alckmin é a que apresenta viabilidade eleitoral para reconstruir os pilares de nossa democracia e de uma sociedade que se caracterize pela atenção e diminuição das iniquidades sociais e econômicas, da intolerância e da violência."

Com informações da coluna de Mônica Bergamo