A Frota, Haddad diz que Ciro quer "chamar a atenção" e sugere: "Quem sabe a gente se encontra depois do 2º turno"

Petista foi entrevistado pelo deputado federal, que revelou: "Se eu soubesse que o país se tornasse essa loucura, posso afirmar que no 2º turno eu teria votado em você"

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O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro Fernando Haddad (PT) afirmou nesta segunda-feira (19), em entrevista ao deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), que Ciro Gomes (PDT) critica Lula e o PT para "chamar a atenção". No domingo (18), o pedetista chegou a afirmar que iria para Paris em um eventual segundo turno na eleição de 2022 entre Jair Bolsonaro e o candidato do PT "com muito mais convicção do que em 2018".

"É para chamar a atenção. É difícil aparecer na imprensa. Entre uma eleição e outra o político sem mandato fica numa situação difícil. É um jeito de chamar um pouco a atenção. Eu não sei, sinceramente, o que ele ganhar com isso. Se ele acha que com isso alguém da direita vai votar nele, ele tá equivocado. Ele perde uma respeitabilidade que ele tinha no campo progressista e não captura mentes e corações de quem nunca esteve com ele", disse Haddad na entrevista veiculada no talk show de Frota na Rede Brasil.

"A minha impressão como observador é que não compensa esse tipo de coisa. Talvez ele ganhe uma visibilidade mas não sei se terá saldo positivo. Quem sabe depois do segundo turno a gente encontra com ele", completou o petista.

Perguntado por Frota se ele seria candidato a presidente, vice-presidente ou governador de São Paulo em 2022, Haddad afirmou que defende a "construção" partidária e que uma possível candidatura de Lula será discutida pelo PT após a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) da próxima quinta-feira (22), em que será analisada a decisão da Segunda Turma que declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro nos processos da Lava Jato contra o ex-presidente. Uma decisão anterior, que declarou a incompetência da Vara Federal de Curitiba nessas ações, anulou os processos e devolveu a Lula seus direitos políticos.

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"Vamos esperar a poeira baixar para ver se o Supremo sacramenta na quinta-feira, passa uma régua nisso. Lula com 100% dos direitos recuperados, como espero que aconteça, porque não tem nem razão para outra coisa. Aí, sim, vamos discutir com o partido oportunamente a candidatura a presidente, e aí vamos organizar uma frente, a mais ampla possível, para derrotar o projeto que está aí promovendo o caos. Com respeito a outras forças políticas que tenham essa pretensão com um projeto diferente do nosso", declarou.

"Temos que restabelecer um ambiente democrático no país. Cada um apresenta sua proposta no primeiro turno. No segundo turno, me comprometo, de antemão, a militar 24 horas por dia para virar essa página", continuou Haddad, sinalizando que apoiaria qualquer candidato contra Bolsonaro.

Ex-bolsnarista, Frota, por sua vez, revelou que hoje se sente arrependido de não ter votado em Haddad no segundo turno da eleição de 2018. "Se eu soubesse que o país estivesse esse caos, essa confusão, essa loucura, eu posso afirmar que no segundo turno eu teria votado em você. Eu fui o primeiro a sair daquela base. Em dezembro de 2018, na transição de governo, eu já estava percebendo que as coisas não estavam saindo como combinado", pontuou.

Ao longo da entrevista, Haddad disse que espera que a CPI do Genocídio no Senado sirva para "constranger o governo" para a tomada de medidas em favor da população, falou também sobre educação, economia e fake news.

Ao final, Frota ainda aproveitou para pedir desculpas a Haddad devido a ataques feitos por ele contra o petista no passado. "Queria terminar o programa pedindo desculpas a você. A gente foi muitas vezes parcial, muitas vezes a gente passou do limite. Sei que em alguns momentos fui muito agressivo. Queria, de verdade, te pedir desculpas, que ficasse uma coisa tranquila entre a gente", afirmou.

Haddad, por sua vez, aceitou: "Está desculpado".

Assista, abaixo, à íntegra da entrevista.