Bolsonaro coloca em xeque sistema eleitoral pelo qual se elegeu e volta a defender voto impresso

Em meio à tentativa de Donald Trump de tumultuar as eleições nos EUA e falar em fraude eleitoral, presidente brasileiro afirma buscar um sistema eleitoral "confiável", em detrimento daquele que permitiu sua eleição

Bolsonaro e Trump (Foto: Alan Santos/PR)
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Em live realizada na noite desta quinta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro voltou a colocar em xeque o sistema eleitoral que o elegeu e voltou a defender a volta do voto impresso no Brasil. A declaração do capitão da reserva vem na esteira da tentativa de Donald Trump de tumultuar a eleição presidencial nos Estados Unidos e apontar "fraude" nos estados em que seu adversário, o democrata Joe Biden, foi vitorioso.

"Já está bastante avançado o estudo. A gente espera ano que vem entrar, mergulhar na Câmara e no Senado, para que a gente possa realmente ter um sistema eleitoral confiável em 22", disse Bolsonaro, sinalizando que o sistema na eleição de 2018, quando foi eleito, não é confiável.

Para justificar a necessidade de um sistema eleitoral "realmente confiável", Bolsonaro falou sobre "o que acontece em outros países", sem especificar, contudo, o que estaria acontecendo e sem citar diretamente os Estados Unidos.

De acordo com o presidente, ele tentará fazer avançar no Congresso um projeto da deputada Bia Kicis (PSL-DF) que trata sobre a volta do voto impresso no Brasil. "É a maneira que você tem de auditar e contar os votos de verdade aqui", declarou.

Ao falar sobre voto impresso e sistema eleitoral confiável, Bolsonaro reproduz a tentativa de Trump de tumultuar as eleições nos EUA. Na quarta-feira (4), em conversa com apoiadores, quando as apurações já indicavam chances concretas de vitória de Joe Biden, o presidente brasileiro disse que quer "esperar um pouquinho" para falar mais sobre a eleição estadunidense, já que, segundo ele, "parece que foi judicializado o negócio lá", corroborando com a tese do republicano de que o pleito vem sendo fraudado.

"Fraude" e judicialização

O comando da candidatura à reeleição de Donald Trump entrou nesta quinta-feira (5) com mais de 20 processos na justiça questionando o resultado final ou parcial da votação em diferentes estados.

A ação de Trump visa contestar os resultados finais em todos os 21 estados vencidos por Joe Biden e nos 5 estados onde a apuração ainda não foi concluída.

Porém, com todos esses processos na Justiça, mesmo que uma vitória de Biden em mais um estado impeça Trump de virar o placar numericamente, a necessidade de um pronunciamento dos tribunais acionados impediria sua proclamação como presidente eleito.

Até agora, apenas dois estados apresentaram algum parecer sobre as denúncias de Trump, ambos negativos para o atual mandatário. Em Michigan, onde a apuração já terminou com vitória de Biden, o Partido Republicano alegou fraude na contagem dos votos pelo correio, mas a tese foi rechaçada pela justiça local.

Na Geórgia, onde a contagem de votos ainda não acabou, os advogados de Trump entraram com um processo para que esta fosse interrompida, mas também receberam uma negativa.