Efeito Argentina: Com golpe renda de brasileiros desaba e leva 23,3 milhões de volta à pobreza

Há 17 trimestres - ou cerca de 4 anos -, período que remonta à preparação e consumação do golpe que tirou Dilma Rousseff da Presidência da República, a concentração de renda no Brasil cresce, levando mais pessoas à pobreza e aumentando o fosso social que foi, em parte, reduzido durante os governos de Lula e da própria ex-presidenta

Complexo da Maré, no Rio de Janeiro (Fernando Frazão/ Agência Brasil)
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Há 17 trimestres - ou cerca de 4 anos -, período que remonta à preparação e consumação do golpe que tirou Dilma Rousseff da Presidência da República, a concentração de renda no Brasil cresce, levando mais pessoas à pobreza e aumentando o fosso social que foi, em parte, reduzido durante os governos de Lula e da própria ex-presidenta. O Facebook silenciou a Fórum. Censura? Clique aqui e nos ajude a lutar contra isso O estudo do economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social, divulgado nesta sexta-feira (16) pelo jornal O Globo mostra que os 12 milhões de desempregados levaram pelo menos outros 23,3 milhões de brasileiros de volta à pobreza - segundo dados mais recentes de pessoas que vivem com menos de R$ 233 por mês. "O principal fator que influencia o aumento da desigualdade é o desemprego", disse o pesquisador. A desigualdade é medida pelo índice de Gini. Quanto mais próximo de 1, mais desigual é a distribuição de renda. No Brasil, o indicador segue tendência de alta desde o quarto trimestre de 2014, quando estava em 0,6003, até o segundo trimestre deste ano, quando alcançou 0,6291. Segundo o estudo, nem mesmo em 1989, pico histórico de desigualdade brasileira, alimentada pela inflação galopante, houve um período de concentração de renda por tantos trimestres consecutivos. Os números mostram que a implantação da política neoliberal - que começou com a designação de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda de Dilma e se aprofundou no governo golpista de Michel Temer - segue o caminho feito pela Argentina de Maurício Macri, que substituiu Cristina Kirchner com o mesmo discurso de Jair Bolsonaro. Em 4 anos de governo macrista, a inflação dobrou (25% para 56%), a pobreza cresceu (30% para 34%), a indigência quase dobrou (4,5% para 8%), o desemprego ultrapassou os 10% depois de 13 anos abaixo dos dois dígitos, o dólar triplicou (15 para 46 pesos).