Em carta de próprio punho, Léo Pinheiro confessa que mentiu em delação contra Lula

Em carta escrita em maio deste ano, Léo Pinheiro diz que mentiu em delação da Lava Jato ao tentar incriminar o ex-presidente por corrupção e tráfico de influência junto a OAS

Leo Pinheiro, da OAS (Reprodução)
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Em carta de próprio punho escrita em maio deste ano, anexada ao processo um mês depois, o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, confessou que mentiu ao acusar Lula de corrupção e tráfico de influência junto ao governo da Costa Rica no processo que foi arquivado pela Justiça nesta segunda-feira (13).

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"A empresa OAS não obteve nenhuma vantagem, pois inclusive não foi beneficiada por empréstimos do BCIE – Banco Centro Americano de Integração Econômica. Não sabendo informar se houve efetividade da solicitação do Presidente do BCIE, senhor Nick Rischbieth junto ao senhor Ex. Presidente Lula e demais autoridades citadas”, escreveu Pinheiro, desmentindo a acusação contra o ex-presidente. A informação foi divulgada por Bela Megale, no jornal O Globo.

No acordo de delação premiada junto à Lava Jato, o ex-executivo havia sido contratado pela OAS para realizar uma palestra na Costa Rica a fim de influenciar os dirigentes daquele país a fazer negócios com a construtora.

Pinheiro também narrou uma suposta reunião na suíte onde Lula estava hospedado e que contou com a presença e dele de outro executivo da OAS, o diretor Augusto Uzeda, que negou que tenha havido o encontro.

Na carta, Pinheiro disse que nunca autorizou ou teve conhecimento de pagamentos de propina às autoridades citadas no caso.

Vitória

O caso arquivado nesta segunda foi a 19ª batalha vencida por Lula no lawfare iniciado pela Lava Jato que resultou em uma guerra jurídica para afastar o petista da disputa à Presidência em 2018.

Agora, o único processo a que o ex-presidente responde diz respeito a supostas irregularidades na compra de caças suecos no governo de Dilma Rousseff.

Lula seria ouvido pela justiça em maio sobre o inquérito, mas teve a oitiva adiada pelo juiz Frederico Botelho de Barros Viana, juiz da 10ª Vara Federal de Brasília.

O Ministério Público (MP) acusa Lula de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa por ter supostamente participado de negociações para a aquisição dos caças.

Para justificar sua decisão, o juiz considerou os novos elementos apresentados pela defesa de Lula, que pediu suspeição dos procuradores Frederico de Carvalho Paiva e Herbert Reis Mesquita.

Os advogados do ex-presidente afirmam que as mensagens entre procuradores que atuavam na Lava Jato, obtidas por hackers, mostram, claramente, que a denúncia dos caças foi idealizada pelos integrantes da operação de Curitiba, em um “plano” que buscava “liquidar” Lula, por meio de “acusações frívolas, apresentadas em número elevado e repetidas”.

Paiva e Mesquita foram envolvidos nas discussões em grupos no Telegram e “não apenas tomaram conhecimento das ilegalidades que estavam sendo praticadas pela ‘Lava Jato’ de Curitiba contra os excipientes [Lula e seu filho Luís Cláudio] como também passaram a delas participar”, alega a defesa.