Conforme já havia anunciado na última semana, o PT protocolou, neste segunda-feira (11), na Câmara dos Deputados, mais um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.
Mais de 50 pedidos de impedimento do ex-capitão já foram protocolados na Câmara desde o início de seu mandato. Na nova peça, o PT aponta crime de apologia à tortura por conta de declarações de Bolsonaro sobre a ex-presidenta Dilma Rousseff.
"É, os caras se vitimizam o tempo todo. 'Fui perseguido…'. Teve um fato aí, esqueci o nome da pessoa, mas só procurar na internet que vai achar aí com facilidade. Diz que a Dilma foi torturada e que fraturaram a mandíbula dela; Traz o raio-x aí pra a gente ver o calo ósseo. Até hoje estou aguardado o raio-x", diparou Bolsonaro em conversa com apoiadores no dia 28 de dezembro.
"Ao debochar e ironizar a tortura sofrida por Dilma e, consequentemente, insultar a memória de milhares de brasileiros que perderam suas vidas e suas dignidades durante a Ditadura Militar de 1964, o ora denunciado nitidamente cometeu crime de apologia à tortura, tipificado no Código Penal, art. 287", diz um dos trechos do pedido de impeachment apresentado pelo PT. O texto é assinado pelos deputados federais Enio Verri (PT-PR), Rogério Correia (PT-MG) e Rui Falcão (PT-SP), pela deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, pela Bancada do PT na Câmara, pela ex-ministra Eleonora Menicucci, e também subscrito por mulheres vítimas de tortura durante o período da ditadura militar.
Maia fala abertamente em impeachment
Também nesta segunda-feira (11), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a poucas semanas de deixar o cargo, afirmou em entrevista ao portal Metrópoles que o presidente Jair Bolsonaro pode sofrer um impeachment nos próximos meses.
Maia tem em sua gaveta mais de 50 pedidos de impeachment contra Bolsonaro e não deu, ao longo de seu mandato, sequência a nenhum deles. Na entrevista, o deputado disse que agora, entretanto, a demora do governo em elaborar um plano de vacinação contra a Covid é um fator que pode motivar a abertura de um processo de impedimento contra o ex-capitão.
“Lhe garanto que até hoje, até a questão da vacina, não tive uma pressão política, um ambiente tão forte da sociedade, pra fazer esse encaminhamento (…) Acho que a questão da vacina poderá transbordar num ambiente muito mais hostil. Pela primeira vez o governo perde popularidade. E acho que os erros na questão da vacina vão gerar um ambiente muito hostil para o governo nos próximos meses”, declarou Maia à jornalista Rachel Sheherazade.
“Talvez ele [Bolsonaro] sofra um processo de impeachment muito duro se não se organizar rapidamente. Porque o processo de impeachment, você sabe, é o resultado da pressão da sociedade”, completou.