VEXAME INTERNACIONAL

Bolsonaro não impediu a guerra Ucrânia x Rússia? Como fica o Brasil agora

Nas redes o presidente do Brasil foi cobrado pelos internautas; durante a sua passagem pela Hungria, o mandatário insinuou que tinha ajudado na solução do conflito

Créditos: Foto: Alan Santos/ Agência Brasil
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Durante a viagem de Bolsonaro à Rùssia, apoiadores do presidente e até o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, foram às redes declarar que Bolsonaro tinha convencido Vladimir Putin a recuar com as suas tropas e desistir de invadir. 

As fake news sobre Bolsonaro ter evitado o conflito entre Rússia e Ucrânia se espalharam pelas redes. Pesquisa Qaest encomendada pela CNN Brasil revelou que, à época, 22% das pessoas que interagiram nas redes sociais sobre a viagem do presidente Bolsonaro à Rússia acreditaram ou escreveram que ele tinha sido o responsável pelo recuo das tropas russas com a Ucrânia.

O que aconteceu foi uma coincidência, pois, no mesmo momento em que o Bolsonaro estava na Rússia, o governo russo anunciou o fim de treinos militares na região da Crimeia e chegou a divulgar um vídeo com tanques deixando a região. 

O próprio presidente, durante coletiva na Hungria, surfou na fake News e declarou que durante a sua passagem e, depois de conversar com Vladimir Putin, o presidente russo retirou as tropas da fronteira com a Ucrânia. “Coincidência ou não, depois da minha passagem ele recuou com as tropas na fronteira”, declarou Bolsonaro. 

Como fica o Brasil na política internacional?

A verdade é que a viagem de Bolsonaro à Rússia não produziu nada de efetivo, foi tratada com desdém pela imprensa internacional e ainda gerou rusgas com o governo estadunidense. 

O governo dos EUA criticou a viagem de Bolsonaro à Rússia. "Eu diria que a vasta maioria da comunidade global está unida em uma visão compartilhada, de que invadir um outro país, tentar tirar parte do seu território, e aterrorizar a população, certamente não está alinhado com valores globais. Então, acho que o Brasil parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global", declarou Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca.

Mas, o fato é que na noite desta quarta-feira (23) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou "operação militar especial" na região separatista de Donbass e Lugansk e deu início à guerra na Ucrânia após semanas de tensões com os EUA e União Europeia. 

Com uma política internacional que é considerada "nula" pelos especialistas em relações exteriores, a imprensa internacional também não perdoou a passagem de Bolsonaro pela Rússia e declarou que foi usado por Putin, que quis mostrar ao mundo que tinha apoio do maior país da América Latina. 

Uma das críticas mais duras veio do portal France 24, que o presidente do Brasil como o "Trump tropical" e afirmou que tal viagem pode ser usada por Putin para demonstrar que tem o "apoio do maior país da América Latina nas questões que envolvem a Ucrânia". 

Em entrevista à Fórum, o professor de relações internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser, declarou que, além de nula, a política internacional de Bolsonaro pode trazer danos ao Brasil. 

"O Putin é preparado, fez um convite [para Bolsonaro] por gentileza. Ele não tem nada a perder, ele conversa com todo mundo desde que não tenha a perder e, como ele sabe da proximidade do governo brasileiro com os EUA, ele aproveita para cutucar os EUA, nada além disso", pontuou o pesquisador.

Nasser também revelou que recentemente foi realizada uma pesquisa na Rússia que mostra que, entre a população russa, ninguém conhece Bolsonaro. 

"A pesquisa indicou que ninguém conhece Bolsonaro, mas conhece Lula. E uma geração mais velha conhece o Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente) e também o Lula. Isso é um fato", disse Nasser. 

A respeito de danos ao Brasil sobre a imagem do país internacionalmente, Reginaldo Nasser explicou que as diplomacias e pesquisadores entendem o atual contexto do Brasil e que Bolsonaro não representa a tradição do país em relações internacionais. 

As desastrosas declarações de Bolsonaro sobre ter influenciado na “solução do conflito entre Rússia e Ucrânia”, somadas a visita ao primeiro-ministro da Hungria, o fundamentalista Viktor Orbán - que recentemente sofreu sanções da União Europeia por “ataques à democracia” -   confirmam o isolamento e a insignificância do Brasil, atualmente, nas relações internacionais.