CRISE CLIMÁTICA

“Dez Sergipes” foram queimados nos biomas brasileiros só em janeiro

Levantamento publicado pelo Monitor do Fogo e pelo MapBiomas mostra alta de 248% nas queimadas em relação ao ano anterior apesar das chuvas; Bioma mais afetado foi a Amazônia

Queimadas no pantanal.Créditos: Mayke Toscano/Secom-MT
Escrito en MEIO AMBIENTE el

Foram um milhão de hectares, o equivalente a dez vezes o Estado do Sergipe, o total de área queimada nos biomas brasileiros no último mês de janeiro. Os dados são de levantamento do MapBiomas e do Monitor do Fogo e foram divulgados nesta terça-feira (27).

 Se comparado ao mês de janeiro de 2023, o aumento das queimadas está 248% maior. Naquela ocasião foram registrados 287 mil hectares queimados.

Dessa vez, o bioma mais afetado foi a Amazônia com 941 mil hectares reduzidos a cinzas, ou 91% dos “dez Sergipes” queimados em todo o Brasil em janeiro. Queimadas registradas no norte do bioma, sobretudo em Roraima, contribuíram com esses números que foram 266% mais altos que em dezembro.

Com pouco mais de 40,5 mil hectares atingidos, o Pantanal foi o segundo bioma mais queimado em janeiro.

Estados

Entre os estados mais afetados, três ficam na Amazônia. Roraima, epicentro de muitas queimadas no período, teve pouco mais de 413 mil hectares atingidos pelo fogo – registrando um aumento de 250% em relação a janeiro de 2023. Pará (314,6 mil hectares) e Amazonas (95,3 mil hectares) aparecem logo a seguir.

De acordo com informações do Mapa do Fogo e do MapBiomas, os tipos de vegetação mais atingidos foram florestas, pastagens e formações campestres. Em Roraima 95% da destruição foi em formações campestres, enquanto no Pará 41% se referem a florestas e 49% a pastagens.

Especificidades de Roraima

Próximo da linha do Equador e com parte do território no hemisfério norte, Roraima, o Estado que liderou os números de queimadas, tem um clima diferente do resto do país. Lá, janeiro é um mês seco. E a estação seca costuma ocorrer entre dezembro e abril, enquanto as chuvas caem entre maio e novembro. É comum que nas áreas mais ao norte do Estado sejam registradas queimadas no início do ano, e não no segundo semestre como em outras áreas da Amazônia brasileira.

“É normal que a Amazônia lidere em disparada a área queimada no início do ano por conta da estação seca de Roraima acontecer justamente nesse período. Entretanto, esse ano teve o agravante da seca extrema, que retardou e diminuiu a quantidade de chuva, deixando a região ainda mais inflamável”, explica a Coordenadora do MapBiomas Fogo e Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Ane Alencar.