Depois de xingar Barroso, Bolsonaro diz que está "pronto" para conversar com Fux

“Não tem briga entre eu e os Poderes", disse o presidente horas depois de estimular briga entre os Poderes

Luiz Fux e Jair Bolsonaro | Foto: Marcos Corrêa/PR
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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (6) que pretende se reunir com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, após o magistrado cancelar o encontro entre os chefes dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Apesar de voltar a atacar o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, Bolsonaro diz que "não tem briga" com os outros Poderes.

"Estou pronto para conversar com o ministro Fux. Missão nossa, né, nos entendermos para o bem-estar da população“, disse Bolsonaro a jornalista, segundo reportagem de Emilly Behnke, do Poder 360.

“Não tem briga entre eu e os Poderes. O que o povo quer, e nós devemos atender a vontade popular, é eleições limpas, voto democrático“, completou.

Ataques e reações dos tribunais

Durante viagem a Santa Catarina nesta sexta, Bolsonaro chamou Barroso, que é presidente do TSE, de “filho da puta”, assista aqui. Barroso reagiu dizendo que não cultivaria "polêmicas", mas mandou indireta ao mandatário no Twitter.

Bolsonaro tem “esticado a corda” contra o STF nas últimas semanas em sua campanha golpista contra o sistema eleitoral. O presidente vem fazendo insinuações contra a apuração e disparando ataques contra Barroso e Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news.

Em razão disso, Fux decidiu cancelar o encontro que teria com Bolsonaro e Lira. “Como presidente do STF, alertei o presidente da República em reunião realizada nesta Corte, durante as férias coletivas, sobre os limites do exercício do direito da liberdade de expressão, bem como ser necessário e inegociável o respeito entre poderes para harmonia do pais”, afirmou o magistrado.

“Contudo, como tem noticiado a imprensa, nos últimos dias o presidente da República tem reiterado ofensas, ataques e inverdades contra integrantes desta Corte”, prosseguiu. “O pressuposto do dialogo entre os Poderes é o respeito mútuo entre instituições e seus integrantes. Diálogo eficiente pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras, o que infelizmente não temos visto no cenário atual”, finalizou.

Inquéritos contra Bolsonaro

Na semana passada, Bolsonaro promoveu uma live contra as urnas eletrônicas sem apresentar prova alguma com o único objetivo de espalhar boatos e difamar a Justiça Eleitoral. Os ministros do TSE, por unanimidade, então, decidiram acionar o STF para incluir a live no inquérito das fake news, relatado por Moraes – que atendeu ao pedido na quarta

Por conta disso, Bolsonaro passou a ser investigado no âmbito criminal pela Corte e, após a conclusão da apuração, o pode então se tornar inelegível.

Além de acionar o STF, o TSE decidiu ainda que vai abrir uma investigação própria contra o presidente por conta da live contra as urnas.

O plenário do TSE atendeu a um pedido do corregedor-geral do TSE, Luis Felipe Salomão, e determinou a abertura de um inquérito administrativo para “apurar fatos que possam configurar abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos, propaganda extemporânea, relativamente aos ataques ao sistema eletrônico de votação e à legitimidade das Eleições de 2022”.